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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT abriu sua fala na Conferência Nacional dos Bancários lembrando da importância da campanha do “Setembro Amarelo”.
“No Brasil temos, em média, 12 mil suicídios por ano e a categoria bancária tem uma média acima dos demais trabalhadores. De 1996 a 2005, tivemos um suicídio de bancários a cada vinte dias. Por isso há uma grande preocupação com este tema, cuja causa está na depressão que agora se agravou com a pandemia da Covid-19”, disse o sindicalista.
Ações dos sindicatos
Mauro falou ainda da importância das ações do movimento sindical para a prevenção do coronavírus neste período da pandemia.
“Mesmo num momento muito hostil ao trabalhador, nossa primeira ação foi para garantir a proteção dos bancários. Acordamos com os bancos os protocolos de prevenção, garantimos mais da metade categoria em home office e o afastamento para as pessoas de risco e gestantes e a realização do rodízio nas agências. A pandemia continua a todo vapor e precisamos manter os cuidados”, disse. Ressaltou ainda que as negociações com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) sobre a criação de um protocolo único padronizado estão bem adiantadas e destacou a vitória da inclusão dos bancários como prioridade do Plano Nacional de Imunização (PNI). Os sindicatos continuam cobrando dos governos dos estados e municípios, como é o caso do Rio de Janeiro, para a execução do calendário de vacinação da categoria.
“É preciso continuar negociando uma volta segura para os bancários e as atuais condições não estão adequadas para a volta ao trabalho presencial normal. Temos mais de 700 mortes por dias, a vacinação é lenta, há os riscos das variantes, como a variante Delta. Os bancos nos prometeram a garantia de um retorno seguro”, acrescentou.
Sequelas da Covid-19
Mauro Salles falou ainda da necessidade de apoio e assistência dos bancos aos bancários e bancárias acometidos pelas sequelas da Covid-19, pois o tratamento custa caro e é necessário garantir apoio psicológico aos trabalhadores, bem como garantir todos os direitos trabalhistas e previdenciários.
O palestrante apresentou números parciais (540 respostas até o momento) da pesquisa elaborada pela Contraf-CUT em parceria com a Unicamp sobre as consequências da doença na saúde e na rotina de trabalho dos bancários.
Dos questionários respondidos, 47% foram homens e 53% mulheres.
“Pouco mais de 31,2% dos bancários disseram que os bancos não deram a assistência necessária para os trabalhadores que foram acometidos pela Cpvid-19. É um número muito alto”, disse Mauro.
Contrariando as afirmações da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), a esmagadora maioria da categoria que foi acometida pela Covid-19 estava em trabalho presencial e não trabalhando em casa.
Um grande número de bancários respondeu também que os bancos não disponibilizaram testes de covid: 41,8%, sendo que 58,2% declararam ter feito o teste providenciado pela empresa onde trabalham.
“A quantidade de trabalhadores que foram reinfectados pelo vírus não é pequena: 10% e isto não é pouca coisa”, acrescentou Mauro. Mais de 90% dissera que não foram reinfectados pela covid.
A maioria dos bancários que disseram sofrer com as sequelas do coronavírus reclamam de cansaço e fadiga, memória, dor de cabeça, falta de atenção e de concentração e com sintomas depressivos, números parecidos com os revelados pela pesquisa do Dieese.
“Muitos estão voltando ao trabalho presencial sem condições físicas e psicológicas e isto impacta na remuneração variável com aumento nos casos de descomissionamentos e até demissão”, explica o secretário da Contraf-CUT.
Preocupação e incerteza
“Mais de 67 se queixam de estar todo tempo ou a maior parte do tempo com a o sentimento de preocupação e incerteza. Estes reflexos na saúde mental do trabalhador demandam um apoio psicológico”, afirma Salles. Os números da consulta assustam: 43.3% disseram se sentir alegres poucas vezes após ter contraído o vírus. Mais da metade disse perceber o pensamento mais lento quando estão trabalhando. Já 56% disseram que não se sentem em condições plenas para trabalhar e 30% declararam ter a capacidade de trabalho reduzida.
A sequelas persistem mesmo após seis meses de o empregado contrair a Covid-19, aponta a pesquisa da Contraf-CUT.