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Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, defendeu, nesta sexta-feira (3/9), na abertura da 23ª Conferência Nacional dos Bancários o fortalecimento das mobilizações Fora Bolsonaro e a organização de uma greve nacional para pôr fim ao seu governo. Proposta semelhante foi feita por Luiz Carlos Prates, dirigente da CSP-Conlutas. Para o líder da CUT, o Brasil vive um de seus piores momentos, graças ao governo Bolsonaro, com quase 600 mil mortes, grande parte delas evitáveis se não fosse o boicote às medidas de proteção contra a covid-19 e à compra de vacinas. A conferência continua neste sábado, a partir das 9h30.

“A situação é ainda mais grave também porque em função da política econômica desastrosa, mais de 14 milhões estão desempregados, aumentou a miséria, quase 20 milhões não têm o que comer, a inflação está descontrolada. Além disto, o governo vem sistematicamente atacando nossos direitos, e ainda governa com ódio, tramando o tempo todo para acabar com a democracia. Nossa saída é lutar para derrotar Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes e, para isto, é preciso unir todos os setores democráticos para irem às ruas e dar passos em direção a uma greve nacional. Sem ela não vamos mudar o curso da história que estamos vivendo em nosso país e derrotar Bolsonaro”, afirmou. Disse ser fundamental participar das grandes manifestações do próximo dia 7 de setembro que vão ocorrer em todo o país contra o governo no Grito dos Excluídos que este ano será unificado com o Movimento Fora Bolsonaro. 

Advertiu que o próximo e grande ataque do governo é a Proposta de Emenda Constitucional 32 (PEC 32) da reforma administrativa que desmonta os serviços públicos prestados à população, como o Sistema Único de Saúde (SUS) e a educação, entregando-os a empresas privadas. “Mas a PEC não prejudica apenas os servidores. É o maior ataque aos direitos da população, sobretudo os mais pobres que dependem destes serviços que serão precarizados, podendo vir a ser cobrados, introduzindo formas de contratação precárias”, advertiu. Acrescentou que Bolsonaro pretende ainda privatizar estatais, empresas estratégicas, e retirar mais direitos. “Não podemos permitir que isto aconteça”, alertou. 

Luiz Carlos Prates da CSP-Conlutas lembrou que os trabalhadores têm ido às ruas em grandes mobilizações contra o governo. “E devem seguir fortalecendo estas manifestações. É preciso derrubar Bolsonaro agora e não esperar as eleições de 2022. Se fizermos isto ainda teremos um ano de ataques aos nossos direitos, de fome, miséria, privatizações e desmonte dos serviços públicos, tudo em benefício dos bancos e outras grandes empresas. Temos que afastá-lo do poder agora. E, para isto, é preciso organizar uma greve geral”, argumentou.

Crise sem precedentes

Edson Carneiro, da central Intersindical, disse que o povo brasileiro vive uma angústia enorme com Bolsonaro. “É uma crise sem precedentes. São quase 600 mil mortos, milhões passando fome, desemprego altíssimo, incentivo à violência. Pior, diante do seu desgaste e isolamento, Bolsonaro amplia seus ataques à democracia. A situação é grave e exige a unidade de amplos setores para colocar para fora este governo fascista e genocida”, defendeu. Disse que é preciso substitui-lo por outro, impedindo o fechamento do regime, e restabelecendo um projeto de pleno emprego, distribuição de renda e desenvolvimento econômico e social. “E a categoria bancária tem um papel fundamental em todo este processo”, disse.

Adilson Araújo, da CTB, lembrou que o Brasil começou a entrar numa grande encruzilhada a partir do golpe de 2016 que derrubou Dilma Roussef. “Com Temer e depois com Bolsonaro, enfrentamos o desmonte de direitos em série, através das reformas que, ao contrário da falsa alegação de criar empregos e equilibrar as contas públicas, ceifou milhares de postos de trabalho e quebrou empresas. É o momento de darmos um basta a Bolsonaro e construir uma frente popular para salvar o Brasil”, afirmou.

O golpe contra Dilma

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e coordenadora do Comando Nacional, juntamente com Juvandia Moreira, lembrou que é uma conquista muito significativa o fato de duas mulheres estarem à frente da organização nacional de uma categoria que alcançou avanços importantes, como a Convenção Coletiva Nacional (CCT). “Sobretudo num momento em que enfrentamos um presidente machista, racista, homofóbico, genocida e servil aos interesses dos ricos dentro e fora do país”, constatou.

Lembrou que todo este pesadelo com uma mudança total de rumo no Brasil começou com o ataque contra uma mulher, a ex-presidenta Dilma. “A derrubada da primeira mulher presidente do país teve inegavelmente um cunho machista. Com Temer, a partir de 2017, tudo mudou e foi dado início a uma política antipopular voltada a tirar direitos do povo pobre, do povo negro, das mulheres, dos trabalhadores, aprofundada ainda mais pelo governo de traços fascistas de Bolsonaro”, frisou.

Farsa da Lava Jato

Lembrou que ao golpe contra Dilma se seguiu a segunda parte do plano: através da farsa da Lava Jato, tornar o ex-presidente Lula inelegível, facilitando a eleição de Bolsonaro. “Hoje é triste andar pelas ruas e ver centenas de famílias morando nas ruas. A miséria cresceu, a fome cresceu, o desespero e a falta de esperança cresceu”, lamentou. E acrescentou: “Nessa conferência, vamos discutir o Brasil que queremos, com respeito à democracia, às mulheres, à população negra, aos indígenas. E, para isto, é preciso garantir a participação dos bancários nas mobilizações Fora Bolsonaro, e na eleição de um governo voltado para a população, mas também a eleição de governadores, deputados e senadores com o mesmo objetivo”, afirmou.

Em sua fala final, Juvandia constatou que o golpe contra Dilma e Lula, na verdade foi contra os trabalhadores que viram seus direitos serem retirados mês a mês por Temer e, mais ainda, por Bolsonaro. “É preciso lembrar, ainda, que há uma tentativa de novo golpe em curso e que é preciso impedir que ele aconteça, indo para as ruas defender a democracia. Sem a democracia, não teremos mais como ir para as ruas, fazer greves e nos organizar livremente. Ficaremos ainda mais reféns dos empregadores e de seu governo genocida”, alertou. Acrescentou que, sem democracia não há luta, poderá não haver mais CCT e os direitos serão retirados com mais facilidade, sem resistência. “Para impedir este desastre precisamos ir para as ruas, já”, defendeu.