Segunda, 16 Agosto 2021 21:04

Volta ao trabalho presencial requer cuidados e responsabilidade com a vida

Conferência Estadual do Rio debate saúde, condições para retorno ao trabalho e sequelas da Covid-19. Comando Nacional negocia condições para retorno com a Fenaban

A pandemia da Covid-19 tornou a questão sobre a saúde dos trabalhadores ainda mais prioritária. O tema foi um dos destaques da I Conferência Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizada no último sábado (14). O evento por meio digital foi organizado pela Federa/RJ, a nova entidade regional representativa dos bancários e demais empregados do setor. No painel sobre saúde, o secretário de Saúde da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Mauro Salles criticou os bancos que estão ensaiando e praticando a volta de bancários em home office e funcionários do grupo de risco ao trabalho presencial, sem qualquer cuidado com a segurança e a vida dos funcionários. “Na última reunião do Comando Nacional com a Fenaban, cobramos a responsabilidade dos bancos, que estão colocando os bancários em risco como se tivesse tudo normalizado, o que só acontecerá com as duas doses completas. Há ainda várias outras situações que precisam ser levadas em consideração, como aqueles que têm familiar no grupo de risco, com comorbidade”, avaliou.

Providências

Salles disse que, “para o bancário voltar às agências, quando houver uma situação mais segura, o funcionário tem que passar por exames médicos antes do retorno”. A Fenaban disse, na última negociação feita com o Comando Nacional, na sexta-feira (13), reconhecer que o momento requer prudência, mas não pratica isso. A situação mais grave é no Santander que anunciou o retorno de 80% de seu quadro de funcionários ao trabalho presencial. A Conferência defendeu ainda um protocolo único para todos os bancos, com os mesmos parâmetros, reivindicação levada à mesa de negociação.

Situação é  ainda crítica

O dirigente da Contraf-CUT disse ainda que as medidas de prevenção precisam continuar nos bancos, em função da situação complicada da pandemia. “As condições ainda são críticas e o Rio de Janeiro já é um dos epicentros da variante Delta. Ainda temos no país, 860 mortes diárias, a vacinação é lenta e desigual. Segundo especialistas da Fiocruz a lentidão na imunização faz com que tenha de haver pelo menos 80% de imunização completa na população e só temos 23%. E, mesmo com a vacina, que reduz a gravidade e o risco de morte, pode haver o adoecimento. Por isso, é preciso manter os cuidados e as medidas de proteção”, alerta.

Imunização dos bancários

Salles destacou ainda a importância da inclusão da categoria bancária no Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, garantido após muita pressão dos sindicatos, mas criticou o fato de que, em muitos estados e municípios, a vacinação sequer começou, como é o caso do Rio de Janeiro.

Metas adoecem

No Encontro Estadual, os participantes criticaram as metas abusivas que continuam a todo a vapor durante a pandemia e denunciaram que as LER/Dorts cresceram com o home office improvisado, que foi necessário para proteger as vidas, mas o bancário trabalha, muitas vezes, em situação insalubre, com o notebook no colo, na mesa de refeições, o que elevou as doenças ocupacionais físicas e os problemas psíquicos na categoria, situação agravada pelos temores de ser demitido, do vírus e da morte.
Segundo Salles, o “mecanismo adoecedor” que já existia, se aprofundou com metas cada vez mais duras”. Os delegados que participaram do encontro criticaram ainda o tratamento dado aos bancários nas clínicas contratadas pelos bancos, como é o caso do Itaú, que vem recebendo seguidas denúncias dos funcionários. Os serviços médicos dos bancos dificultam o atendimento e muitos profissionais trabalham para negar as doenças ocupacionais e os benefícios do INSS para os empregados.

Sequelas preocupam

Outra preocupação apontada pelos dirigentes sindicais são as sequelas da Covid-19. Estudos comprovam que mesmo com sintomas leves, o vírus deixa sequelas, especialmente problemas neurológicos, cardíacos e de memória.Muitos bancários estão voltando às agências com sequelas, impactando na saúde e no desempenho da atividade profissional e a situação se agrava em função das metas, com ameaças de descomissionamento e demissões.

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