Sábado, 14 Agosto 2021 15:04
BANCÁRIOS NA LUTA

Conferência Estadual é aberta com centrais convocando mobilização pelo Fora Bolsonaro

Movimento sindical convida a categoria para os protestos desta quarta-feira (18) contra o desmonte do estado e em defesa da estabilidade dos servidores
A Conferência Estadual dos Bancários do Rio de Janeiro definiu que não há saída para a crise econômica e para a defesa da democracia, se o povo não derrotar Bolsonaro A Conferência Estadual dos Bancários do Rio de Janeiro definiu que não há saída para a crise econômica e para a defesa da democracia, se o povo não derrotar Bolsonaro Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A primeira Conferência Estadual dos Bancários do Rio de Janeiro realizada pela nova Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ), neste sábado, 14 de agosto, foi aberta com a participação de lideranças das centrais sindicais.

O presidente do Sindicato do Rio, José Ferreira, começou as falas dizendo acreditar que “a luta do conjunto de bancários e bancarias leva a crer que a categoria vai sair fortalecida do encontro, na defesa de sues direitos, mas que é preciso também derrotar o Governo Bolsonaro”, que ataca conquistas dos trabalhadores e ameaça à democracia.

Paulo Sérgio Farias, o Paulinho, presidente da CTB-RJ (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), disse que a Federa-RJ realiza sua primeira conferência num momento muito difícil mas destacou que há uma unidade movimento sindical para encontrar uma saída para uma das piores conjunturas da história.

“Estamos mais do que convencidos de que este governo é contra a classe trabalhadora. A cada mensagem que o governo federal envia ao Congresso Nacional há ataques aos direitos trabalhistas. O Brasil enfrenta a situação mais complexa da história. Bolsonaro se aliou as elites para impor uma agenda fascista, retrógrada e genocida e está passando ‘a boiada’ no Congresso, como é o caso da Medida Provisória 1045/2021, que cria empregados de segunda categoria”, ressaltou.

Serginho criticou também, o que chama de “traquinagens do governo”, como os ataques às urnas eletrônicas através do “escritório do crime”.

“A dúvida é qual estratégia precisamos para derrotar Bolsonaro", disse, defendendo para 2022, a realização de uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) com  a participação de todas as centrais sindicais a fim de discutir a revisão das mudanças feitas na legislação com as reformas trabalhista e da previdência como pauta para um possível governo popular e progressista em 2022. Encerrou ressaltando a respeito dos desafios do movimento sindical na atual conjuntura e na disputa política para o ano que vem.

 “O fortalecimento dos sindicatos é fundamental neste processo. Precisamos democratizar nossas relações e rejuvenescer nossas fileiras e construir a unidade”, concluiu.  

Fracasso do sistema econômico

Sérgio Ribeiro, da CSP- Conlutas, disse que a pandemia do novo coronavírus reafirmou o fracasso do sistema capitalista retirando direitos dos trabalhadores e matando milhões de pessoas no mundo inteiro. 

“Os milionários nunca lucraram tanto, deixando os mais pobres numa situação de miserabilidade absoluta. Acompanhamos as reações populares no Chile, Colômbia, EUA, Europa e o Brasil não ficou de fora deste contexto. O governo Bolsonaro é a expressão da decadência do capitalismo”, disse, lembrando que empresários lucraram com compra de cloroquina e outros remédios ineficazes para o combate à Covid-19. Citou ainda a Medida Provisória 1045/2021 que retira direitos e aprofunda a reforma trabalhista.

“Essa MP 1045 que jogar os jovens para o trabalho sem direitos ao INSS, FGTS e com salários baixíssimos”, destacou a respeito da proposta que sequer garante um salário mínimo para os trabalhadores e visa perdurar os modelos de um trabalho ainda mais precário no Brasil, mesmo após a pandemia.

Serginho criticou ainda os flertes de Bolsonaro com um golpe militar.

“A classe trabalhadora não está passiva, mas é necessária uma unidade muito grande para a mobilização nas ruas. Não dá para esperar 2022 para derrubar este governo que mata indígenas, trabalhadores, destrói o meio ambiente e impõe um modelo econômico que gerou inflação dos alimentos, aumentou o preço da energia e arrocha salários. E a tendência é que isso se aprofunde”, avalia.  Criticou também a Proposta de Emenda à Constiruição (PEC) nº 32, que entre outros absurdos, acaba com a estabilidade dos servidores públicos civis.

“Esta PEC acaba com o serviço público e os mais prejudicados serão os pobres que dependem mais dos serviços oferecidos pelo estado”, alerta. O dirigente sindical convocou os bancários e bancárias para o protesto da próxima quarta-feira, dia 18 de agosto, data marcada para uma greve geral dos servidores, em protesto contra a PEC 32 e todas as medidas do governo genocida de Bolsonaro contra os trabalhadores e o povo brasileiro, e o desmonte do estado.

 Ao final, o sindicalista defendeu “que a unidade seja construída na luta” e que é preciso eleger um governo que cancele todas as reformas que atacam os direitos dos trabalhadores. Sérgio fez uma autocrítica no campo popular, lembrando que a reforma da previdência que retirou direitos dos servidores foi feita ainda no governo Lula e teve desdobramentos no governo Dilma.

Importância da unidade

Sandro Cezar, presidente da CUT/RJ também alertou sobre os riscos à democracia no atual contexto. 

"O Governo Bolsonaro flerta com tudo que há de pior, ataca a democracia. Precisamos reafirmar que fora da democracia não há solução para os problemas que enfrentamos. Este governo inerte é parte da crise, cria crises todos os dias, extingue direitos trabalhistas e com certeza piora a situação de arrecadação de estados e municípios, aprofundando a recessão”, criticou, denunciando ainda a privatização de empresas, como a Cadae, Correios e a Eletrobrás e os ataques contra avanços conquistados nos governos Lula e Dilma.  

O líder cutista elogiou o acordo nacional da categoria bancária de dois anos, considerado “um avanço e um acerto que é exemplo e modelo de organização dos trabalhadores”, ressaltando ainda a importância da unidade das correntes políticas conseguida pelo Sindicato dos Bancários do Rio na atual gestão.

“A solução é este modelo de organização dos trabalhadores que unifica a luta, uma chapa plural que reuniu diversas correntes ideológicas. Atacam o movimento sindical e os trabalhadores por que prestamos grandes serviços ligados aos avanços que o povo brasileiro conquistou, no processo histórico da redemocratização e com o novo sindicalismo, na luta pelas ‘Diretas, já’, na constituinte de 1988, cujas conquistas estão sendo arrancadas hoje”, afirma. Sandro destacou o papel que teve a unidade dos trabalhadores para a vitória de Lula nas eleições de 2002, que segundo ele, com erros e acertos, garantiu conquistas fundamentais para os trabalhadores.

“Agora, apesar deste retrocesso, acredito num futuro breve, na possibilidade de reconstruirmos um Brasil e repactuarmos as relações sociais no país e derrotarmos este governo que ataca conceitos de direitos elementares, humanos, trabalhistas e democráticos”, concluiu.

Desafios da categoria

Juvândia Moreira, presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) falou dos desafios do movimento sindical ante as transformações do mundo do trabalho impactado pelas novas tecnologias e a conjuntura de retirada de direitos.  

“Impactos das tecnologias e ataques às conquistas são pautas desta elite que dá sustentação ao bolsonarismo e ao neoliberalismo. O ‘Fora Bolsonaro’ é contra este processo de retirada de direitos e esta conferência vai debater que país nós queremos construir e que ações vamos fazer para isso. Este é um fórum privilegiado para fazermos este debate. Temos que levar resoluções importantes para Conferência Nacional dos Bancários. Essa nova Federa já nasce importante”, destacou.  

Vítimas da Covid-19

Adriana Nalesso, que preside a Federa/RJ, coordenou a mesa pela manhã e, após a aprovação do regimento interno da Conferência Estadual, apresentou, emocionada, um vídeo em homenagem às vítimas de Covid-19.

“No Estado do Rio de Janeiro já são mais de 60 mil mortes e nós bancários estamos em meio a essa tragédia em que muitas mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos um governo que respeitasse a ciência e a vida”, criticou.

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