Sábado, 07 Agosto 2021 00:39
CONGRESSOS NACIONAIS

Bancários de bancos públicos querem barrar privatizações e derrotar Bolsonaro

Presidente da CUT, Sérgio Nobre, anuncia em encontro, greve geral no dia 18 de agosto
Foto: Nando Neves Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Iprensa SeebRio

 

A abertura conjunta dos congressos nacionais dos bancos públicos foi realizada nesta sexta-feira, dia 6 de agosto. O evento foi realizado por videoconferência, em função da pandemia da Covid-19.

Juvândia Moreira abriu o encontro lembrando que todos os trabalhadores vivem um momento muito difícil e destacou a importância dos bancos púbicos para o desenvolvimento do país e da unidade da categoria para a luta contra os ataques do Governo Bolsonaro aos trabalhadores e às instituições públicas.

Ivone dos Santos, presidente do Sindicato de São Paulo destacou como exemplo do risco real às privatizações dos bancos públicos, a aprovação do projeto da venda dos Correios, na Câmara dos Deputados, na noite de quinta-feira (5), por 286 votos a 173 e o papel de organização da luta dos congressos nacionais  dos bancos públicos para defender estas instituições e os direitos dos trabalhadores. 

Juvândia lembrou dos bancários e sindicalistas e de todos  os brasileiros e brasileiras que perderam a vida em função do negacionismo e do genocídio do governo Bolsonaro e homenageou Jefferson Boaba, da Comissão Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, mais uma vítima da pandemia.

“Ele estaria aqui neste encontro se o governo Bolsonaro não tivesse uma postura genocida, deliberada, não comprando as vacinas. Esta é a pandemia também dos ataques aos direitos dos trabalhadores, às empresas públicas e da fome”, desabafou.

“A democracia está sendo ameaçada também nos ataques do governo aos conselhos e representações dos trabalhadores de empresas e bancos públicos, como no BNDES, em que a campanha do ano passado chegou a se estender até dezembro. Sempre que houver ataques nós estaremos lutando. As empresas privadas não chegam onde as instituições públicas assumem um papel social. Abrimos este congresso com a missão de debater o papel destas instituições para que possamos ter um país democrático e soberano. A nossa riqueza é a nossa unidade, não só da categoria, mas de todos os trabalhadores”, acrescentou.

Um momento de comoção ocorreu quando Juvândia homenageou, em nome de todos os bancários e bancárias, as pessoas que perderam a vida para a Covid-19, o sindicalista Jefferson Boaba, da Comissão Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil. “Ele estaria aqui neste encontro se o governo Bolsonaro não tivesse uma postura genocida, deliberada, não comprando as vacinas. Esta é a pandemia também dos ataques aos direitos dos trabalhadores e às empresas públicas e da fome”, desabafou.

Unidade garantida

Eneida Figueiredo, presidenta do Sindicato de Santos, falou pela Intersindical e também criticou os ataques de Boslonaro aos trabalhadores.

“Este Governo não tem projeto de desenvolvimento econômico e social, ameaça com as privatizações e ataca o movimento sindical, mas nós respondemos a altura”, avalia, ressaltando como correta a estratégia dos sindicatos de ter firmado um acordo de dois anos.

“Se não é ideal, este acordo garantiu a preservação dos direitos da categoria”, afirma.

Aniquilamento do estado

Augusto Vasconcelos, do Sindicato da Bahia, eleito vereador em 2020 pelo PCdoB, destacou que a campanha nacional deste ano será extremamente importante para a luta em defesa de instituições públicas.  

“Os bancos públicos estão ameaçados por um projeto de aniquilamento do estado, como a Medida Provisória que autoriza a privatização da Eletrobras, entregando as bacias hidrográficas aos interesses privados, o processo de entrega dos Correios e das refinarias da Petrobras a preço de banana. Da mesma forma o governo entrega as subsidiárias, como a Caixa Seguridade e tenta aniquilar o BNB e o BASA através da Medida Provisória 1052/2021, projeto que ameaça os recursos dos fundos constitucionais fundamentais para o desenvolvimento econômico e social, especialmente no Norte e Nordeste do Brasil”, denuncia.

Lembrou ainda que a resolução 23 da CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União), ameaça os sistemas de saúde dos trabalhadores de estatais e a resolução 25 ataca os fundos de pensão, que garantem a aposentadoria complementar dos funcionários de empresas e bancos públicos. 

“Bolsonaro está acuado e se entrega ainda mais ao centrão e a sua lógica privatista”,

Déficit habitacional

Raimundo Bonfim, coordenador nacional da central de movimentos populares, também destacou a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “Estas instituições contam com trabalhadores que têm compromisso com o nosso país, com a distribuição de renda, a inclusão social e a defesa da democracia o que é muito relevante neste momento de ataques às instituições democráticas”, elogia. Afirmou ainda que há pelo menos um déficit habitacional de 8 milhões de moradias e que é preciso implementar políticas públicas neste sentido, destacando a importância do papel social da Caixa neste setor.

Agricultura familiar

Aristides Veras dos Santos, presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), defendeu a importância dos bancos públicos na formulação de políticas de combate às desigualdades regionais e aos programas sociais e para a alimentação das famílias brasileiras.

Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) agradeceu a solidariedade dos bancários na questão da reforma agrária popular e defendeu políticas públicas no setor.

“Defendemos e temos como projeto a ‘agroeocologia’ como forma de produção. Para isso, precisamos de novas tecnologias que aumentem a produtividade e reduzam atividades penosas do trabalhador rural, além de mais investimento em logística, criando novos sistemas de transportes. Podemos alimentar a humanidade com alimentos de forma agroecológica, através de sistemas de cooperativas de trabalhadores”.

Greve no dia 18

O Presidente da CUT Nacional Sergio Nobre disse que o congresso dos bancos públicos se dá numa conjuntura muito triste para toda a classe trabalhadora e a população brasileira, com mais de 550 mil vidas que se perderam em função da Covid-19.  “O grande responsável é este desgoverno, que negou a pandemia, não coordenou o projeto nacional para frear a propagação do vírus e ainda ataca os direitos dos trabalhadores, produzindo o maior desemprego da nossa historia , onde 1/3 da população está desempregada, desalentada ou em trabalho informal e precário”, disse.  Criticou ainda a redução do valor do auxílio emergencial, o projeto de privatização do setor elétrico e dos Correios, que ameaça também os bancos púbicos. “Os Correios é uma empresa de logística que levou equipamentos de higiene e prevenção a todos os rincões do país. Qual empresa privada faria isso?”, questiona.

O líder cutista acusou o governo de privatizar a Petrobras em subsidiárias e disse que o mesmo está acontecendo no BB e na Caixa, com a venda fatiada nas empresas e convocou todos os trabalhadores a participarem da greve geral marcada para o próximo dia 18 de agosto.

Saúde e previdência

O presidente da Fenae (Federação Nacional dos Empregados da Caixa), Sérgio Takemoto destacou a importância da mobilização da categoria na luta em defesa dos direitos dos bancários e bancárias e lembrou que a entidade, junto com a Contraf-CUT, enviou cartas a todos senadores em defesa da aprovação do  Projeto de Decreto Legislativo 956/2018, da deputada Erika Kokay (PT-DF). A proposta, já aprovada na Câmara dos Deputados, susta os efeitos da Resolução 23 da CGPAR, que ameaça os direitos dos sistemas de saúde dos trabalhadores de estatais. Os ataques do governo são também contra os fundos de pensão, ameaçando a aposentadoria complementar dos funcionários, através da resolução 25.

“Temos que ficar atentos porque a privatização dos bancos públicos é uma realidade. Já resistimos em outros governos e precisamos persistir nestas lutas para sairmos, mais uma vez, vitoriosos”, avalia.

Fora Bolsonaro!

O deputado federal José Carlos Nunes (PT-MA), presidente da Comissão Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, da qual faz parte a Contraf-CUT, considera a atual conjuntura a pior da histórica.

“O momento é muito delicado para o nosso pais. Temos um presidente negacionista, descompromissado com o povo brasileiro e muitas mortes poderiam ter sido evitadas. Um estudo revelou que, se o governo tivesse agido prontamente, pelo menos 165 mil pessoas seriam salvas. E nunca se viu na historia ataques tão graves de um presidente à outras instituições, como Bolsonaro tem feito ao STF”, relata o parlamentar.

“As instituições deram o recado: o golpe não passará, nós passaremos e o voto passará. Este governo tem prazo de validade, dezembro do ano que vem. O ‘Fora Bolsonaro’ é fundamental para o Brasil”, completou.

BNDES e soberania

 Arthur Koblitz, eleito pelos funcionários para o Conselho de Administração do BNDES, disse que a frase do presidente Getúlio Vargas “a finalidade do estado é promover a justiça social” tem a ver com o que a esquerda e o movimento sindical defendem.

“O Brasil cresceu e se desenvolveu de forma notável dos anos 50 aos anos 80 até em relação ao resto do mundo, mas o país não resolveu seus problemas sociais, que foram agravados. A falta de justiça social, de um mercado de massa mais robusto é responsável pela não sustentabilidade do desenvolvimento nas décadas seguintes”, afirmou.  

“Não podemos abrir mão de um país moderno e todos os trabalhadores precisam abraçar este sonho. Depois de muitas crises, de promessas não cumpridas, tornou-se muito difícil pensar alto, mas a importância do BNDES é também a de lembrar que, em algum momento da história, os brasileiros acreditaram que nosso país poderia se tornar uma das nações mais desenvolvidas”, acrescentou, citando outra vez Vargas: “Sem soberania não é possível haver desenvolvimento”, declarou, ressaltando a importância dos bancos públicos.  

Disse ainda que nunca o BNDES sofreu tantos ataques como agora na atual gestão do Governo Bolsonaro. “Nem Joaquim Levy, primeiro presidente do banco neste governo, ousou liquidar uma carteira de mais de R$100 bilhões como ocorreu agora com Gustavo Montezano, amigo de infância do presidente da República, a frente da empresa. Montezano é liberal como Paulo Guedes e truculento como os filhos do Bolsonaro”, critica.

Terminou a fala agradecendo o apoio do movimento sindical ao funcionalismo do banco, citando Juvândia Moreira, Vinícius de Assumpção, José Ferreira e Adriana Nalesso.

Basa e BNB

Sergio Trindade, representando os funcionários do Banco da Amazônia (BASA), disse que será preciso unidade e resistência para enfrentar a conjuntura adversa. “Este é o governo da destruição. O Brasil tem o segundo pior ano de desmate da Amazônia. A situação está fora de controle. Nós vamos debater neste congresso questões específicas, como PLR, saúde, condições de trabalho, mas acima de tudo, a nossa luta é em defesa dos bancos públicos”.

Tomaz de Aquino, coordenador da comissão dos empregados do Banco do Nordeste disse que a mobilização dos trabalhadores tem garantido direitos dos empregados, mas criticou a Medida Provisória 1052/18, que mexe com as receitas com fundos constitucionais, ameaçando os investimentos especialmente no Norte e Nordeste.

 Banco do Brasil

 João Fukunaga, coordenador nacional da comissão de empresa dos funcionários do BB, criticou o governo por dizer que “a privatização do Banco do Brasil não está na prioridade”, mas na prática, promove um desmonte na empresa para a privatização. Destacou ainda o papel do banco no crédito para o setor agrícola.

“O BB já chegou a investir 10% do PIB em agricultura, mas, após o golpe de 2016, houve uma redução nestes investimentos de 9,8%. As cooperativas de trabalhadores estão sendo substituídas por cooperativas de grandes latifundiários”, denuncia.  Criticou o fechamento de agências, que resultou em perda do crédito rural no interior e a superlotação das unidades nos grandes centros urbanos.  

“É público, é para todos”, citou o lema da categoria, defendendo a unidade dos bancários no congressos para desmontar o discurso do governo “que aliena o trabalhador e contamina a sociedade. “Tempos que buscar o funcionário para a luta em defesa dos direitos do funcionalismo e do banco”, conclui.

Caixa

Fabiana  Uehara, coordenadora da comissão executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), disse que, mais do que nunca, é preciso reforçar a defesa dos bancos e empresas publicas cujo papel é o de reduzir as desigualdades.  “Sem os bancos e empresas públicas, que fazem uma política de desenvolvimento, não há investimentos em saúde, habitação e educação. Se não fosse o SUS não estaríamos avançando na vacinação, apesar deste governo que está matando a população”, criticou.

Acusou de falácia, o discurso do presidente da empresa, Pedro Guimarães, de “defender a caixa 100% pública”.

“O que está sendo praticado pelo governo é o sucateamento e o desmonte do banco. No ano passado, os empregados atenderam metade da população, no auxilio emergencial, seguro desemprego e FGTS, mas a direção do banco ataca a previdência complementar e não quer pagar a PLR Social. Vamos defender os direitos dos bancários e os bancos públicos. Precisamos reforçar a nossa organização e mobilização”, completa a sindicalista.

Neste sábado, dia 7 de agosto, a partir das 9h, será realizado o 37º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa). Confira abaixo a programação do evento que será feito através de videoconferência.  

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