Quinta, 05 Agosto 2021 13:23
PARAÍSO DOS BANQUEIROS

Bancos não param de aumentar lucros mesmo durante a mais grave crise econômica e sanitária

Bradesco tem alta de 68,3% nos ganhos do primeiro semestre, Itaú 59,4% e Santander tem o maior lucro trimestral de sua história

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O cartel dos grandes bancos no Brasil continua a afrontar à sociedade e a gerar indignação no povo brasileiro. O sistema financeiro, mesmo durante a mais grave crise sanitária e a recessão econômica do país, continua a ter vultosos crescimentos em seus lucros. O pior é que o trabalhador e os sindicatos sabem como o setor tem faturado bilhões: cobram os juros mais altos do planeta, a exploram e demitem bancários e desrespeitam clientes e usuários.

Bradesco

O Bradesco obteve Lucro Líquido Recorrente de R$ 12,834 bilhões, no primeiro semestre de 2021. A alta foi de 68,3% em relação ao mesmo período de 2020.

Apesar de tanto faturamento, o segundo maior banco privado do país fechou 999 unidades físicas e extinguiu 9.425 postos de trabalho em doze meses. As dispensas foram feitas mesmo neste período de pandemia da Covid-19. Como as demais instituições financeiras, o banco descumpriu o acordo feito com a categoria de não dispensar trabalhadores, o que vem resultando em seguidas vitórias do Sindicato do Rio na Justiça, garantindo a reintegração de bancários.

“E saber que os bancos receberam R$1,2 trilhão do governo Bolsonaro sem nenhuma contrapartida social. Ninguém suporta mais este modelo econômico rentista dominado por meia dúzia de banqueiros e especuladores”, critica o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, Sérgio Menezes.

Itaú

O Itaú, maior banco privado do país, Lucrou R$12,941 bilhões no primeiro semestre deste ano. O crescimento no faturamento também chama a atenção ante a crise financeira, fruto da política recessiva do Ministro da Economia Paulo Guedes e agravada pela pandemia: 59,4% em relação ao mesmo período de 2020.

Como no caso do Bradesco, o grupo da família Setúbal também não valoriza os funcionários, dispensando trabalhadores, fechando agências e precarizando as condições de trabalho, com aumento da pressão e do assédio moral em função de metas cada vez mais absurdas e desumanas.

Aparentemente a holding contratou mais, abrindo 1.268 postos de trabalho em doze meses e 1.196 no trimestre. No entanto, um olhar mais apurado revela que o banco contrata mais trabalhadores na área TIs (Técnicos em Tecnologia da Informação), sem cobertura dos direitos da convenção coletiva dos bancários, com salários abaixo do piso da categoria e com condições de trabalho ainda mais precárias.

“Estas contratações estão relacionadas à incorporação, a partir do segundo trimestre de 2020, dos empregados da ZUP, uma empresa de tecnologia adquirida em outubro de 2019. Não houve a criação de novos postos de trabalhadores bancários, que estão sendo reduzidos e o banco fechou 114 agências físicas no Brasil, em doze meses”, alerta o diretor do Sindicato, Gilberto Leal.

Santander

A recessão econômica que quebra indústrias, fecha estabelecimentos comerciais e aflige os trabalhadores com 15 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (brasileiros que já desistiram de procurar emprego), o maior da série histórica, não passou perto também dos donos do Santander. O banco teve um lucro líquido gerencial de R$ 4,171 bilhões no segundo trimestre de 2021. É o maior lucro trimestral do banco desde 2010. O resultado representa uma alta de 98,4% em relação ao mesmo período de 2020 e de 5,4% no trimestre. O lucro obtido nos primeiros seis meses pela unidade brasileira do banco representou 22,5% do lucro global do conglomerado espanhol, que foi de 4,205 bilhões de euros.

Demissões em massa, adoecimento de bancários por pressão e assédio moral em função de metas abusivas também fazem parte do cotidiano de exploração do banco, um padrão em todo o sistema financeiro.

“O Santander tem o agravante de se negar a negociar com os funcionários, tendo sido condenado pela Justiça do Trabalho a pagar uma multa de R$50 milhões por práticas antissindicais e por demitir em plena crise sanitária”, disse a diretora do Sindicato, Maria de Fátima Guimarães.  

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