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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Imprensa SeebRio
No dia 25 de julho, que neste ano cai no próximo domingo, se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Nesta data, mulheres negras farão um ato de desagravo em frente ao "Memorial Nossos Passos Vêm de Longe”, localizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O Memorial foi vandalizado, segundo testemunha, “por rapaz branco que chegou de carro, bem vestido, com um balde, com tinta e rolo”. Trata-se de uma violência e tentativa de apagar a memória de lutas e glórias das mulheres, de ontem e de hoje, pois algumas delas foram homenageadas no memorial.
O mural será restaurado no sábado, garantem as ativistas. O fato mostra que o racismo está enraizado no país por um triste legado de mais de três séculos de escravidão, que, vira e mexe se manifesta de forma cruel.
“O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha tomou nova dimensão, pois dará uma resposta de luta e de coragem ao ataque racista, que visa intimidar e calar as vozes daquelas cujos “passos vêm de longe”, disse o Secretário de Políticas Sociais do Sindicato, Robson Santos.
Criado no I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana, em 1992, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha tem por objetivo dar visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo. No Brasil, homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo negro.
‘Nossos passos vêm de longe’
Os afrodescendentes, classificados nos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, como pretos e pardos, somam cerca de 115 milhões de pessoas. Dessa forma, o Brasil ocupa o segundo lugar em população negra, ficando atrás apenas da Nigéria. No entanto, mesmo diante desta realidade, a população negra está longe de eliminar as desigualdades sociais, a discriminação, o racismo estrutural, o preconceito, o desemprego e a violência de que são vítimas pelas forças policiais na vida cotidiana.
Essa parcela da nossa população está sub- representada no Legislativo, Executivo, Judiciário, na mídia e em outras esferas sociais. Em se tratando do gênero, o abismo é ainda maior. As mulheres negras são violentadas e assassinadas em ampla escala, são vítimas do desemprego em decorrência das crises econômicas, dos salários rebaixados, da violência doméstica, do feminicídio etc. São as mulheres também que mais choram a perda dos filhos e companheiros, presos ou executados por forças policiais, cuja função deveria ser proteger o cidadão, independentemente de cor, religião ou gênero.+
Infelizmente após um período de conquistas sociais e de direitos, vivemos hoje um retrocesso que afeta diversos setores da sociedade e atinge profundamente a população negra, os pobres e as trabalhadoras e trabalhadores do Brasil. E o pano de fundo dessa triste realidade é a pandemia causada pela Covid-19, agravada pelo governo Bolsonaro, que estimula o machismo, a preconceito, o racismo e debocha das populações regionais, em especial dos nordestinos.
*Com informações da Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato.