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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Além de vacinas compradas 1.000% mais caras, o Ministério da Saúde, durante a gestão do general Eduardo Pazzuello, também comprou máscaras muito acima do preço, chegando a custar R$77 milhões para os cofres públicos. A compra de 40 milhões do equipamento de proteção ocorreu em abril do ano passado e saiu por 66 milhões de dólares. Se fosse aplicado o valor mais baixo, seria de US$51,2 milhões de dólares.
Negócios da China
A expressão popular “negócios da China” significa “negociação muito lucrativa" e se originou das viagens de Marco Polo ao Oriente, no século XIII. No caso da compra de vacinas e insumos pelo Governo Bolsonaro o dito cabe muito bem. Chama a atenção, mais uma vez, o ramo de negócios do atravessador: após adquirir vacinas de uma empresa especializada em importação de produtos eróticos, agora o intermediário que negociou a compra das máscaras para o Ministério da Saúde é conhecido por importar relógios de luxo.
Nesse contrato, a “336 Distribuidora” mediou com uma empresa de Hong Kong para o governo pagar R$ 8,85 por unidade do equipamento. No entanto, ao importar o mesmo produto para um grupo privado, elas custaram US$ 1,28 cada, ou R$ 6,71.
Em entrevista ao site Uol, o dono da importadora, Freddy Rabbat, alegou que “a máscara está abaixo da média de mercado na época da aquisição, momento em que havia um crescimento sem precedentes da demanda mundial pelo produto e o Brasil corria o risco de não conseguir insumos para enfrentar a pandemia de Covid-19".
Envolvimento de militares
A cada nova informação das investigações da CPI da Covid-19 pelo Congresso Nacional, vai se chegando a conclusão que a corrupção no Ministério da Saúde envolve militares de alta patente e a situação do ex-ministro da pasta, general Pazzuello, vai se complicando para explicar tantos negócios escusos.
O tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco é um dos nomes sob suspeita. Ele foi assessor no departamento de logística do Ministério da Saúde na gestão de Roberto Ferreira Dias, acusado de cobrança de propina para a aquisição da vacina AstraZeneca. O militar também pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ficar em silêncio quando depôs na CPI.
Já o coronel da reserva do Exército Roberto Criscuoli admitiu à imprensa ter sido o responsável por fazer a ponte entre a Davati Medical Supply e o Ministério da Saúde na compra de vacinas superfaturadas. Criscuoli tinha livre acesso ao então ministro, general Pazuello e ao ex-secretário-executivo do ministério, Élcio Franco e afirmou ter encaminhado a Davati para uma conversa com Rodrigo de Lima Padilha, funcionário terceirizado do Ministério da Saúde, ligado ao coronel Pedro Geraldo Pinheiro dos Santos, à época diretor do Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento do Ministério (DESID).
O coronel Élcio Franco, considerado o segundo homem a frente da pasta concentrou decisões durante a pandemia, inclusive sobre a negociação de compra de vacinas. Franco era chefe do tenente-coronel Alex Lial Marinho, que é citado por Luis Miranda como autor da “pressão atípica” para liberar o contrato da Covaxin.
Os fortes indícios e denúncias desmitificam a falácia de que não há corrupção na caserna. Essa mitificação surgiu ainda no regime militar, período em que, quem denunciava o governo era calado com prisão e até assassinato e a imprensa, censurada. O que há é absoluta falta de transparência e nenhuma investigação das compras feitas nos quartéis, sem falar que a Justiça Militar não tem o hábito de punir a alta patente. Um exemplo foi a farra na compra de picanha e bacalhau e bebidas destiladas para festinhas dos três estrelas. Como declarou o general Pazzuelo a respeito de sua ilegal presença no palanque eleitoral de Bolsonaro, infringindo os próprios regulamentos do Exército, ele não seria punido por que “os generais se entendem”. Mas, fato é que a boquinha também veste farda e fica cada vez mais difícil para os militares negarem a corrupção no governo do capitão Bolsonaro.