Quarta, 09 Junho 2021 17:20
SERVIÇOS RUINS

Recuperação judicial e dívidas de R$1,2 bi da SuperVia confirmam fracasso da privatização

Concessionária quer que contribuintes paguem por sua má gestão financeira com mais subsídios pagos pelo governo estadual
A Supervia quer que os contribuintes banquem os prejuízos de uma má gestão através de subsídios do governo estadual. A população reclama de trens cheios e constantes atrasoss A Supervia quer que os contribuintes banquem os prejuízos de uma má gestão através de subsídios do governo estadual. A população reclama de trens cheios e constantes atrasoss

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A SuperVia entrou com um pedido de recuperação judicial, na última segunda-feira, 7 de junho, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A empresa acumula dívidas que somam cerca de R$ 1,2 bilhão. Segundo a concessionária, grande parte do endividamento é resultado da operação deficitária durante a pandemia.

A empresa privada que explora a concessão do transporte ferroviário de passageiros no Estado do Rio explicou em nota que o pedido de recuperação “é para preservar a prestação de serviço aos milhares de passageiros de trens da Região Metropolitana da cidade e iniciar um novo ciclo de negociação junto aos credores e ao Poder Concedente (Governo do Estado do Rio de Janeiro) a fim de superar a atual crise financeira pela qual está passando”. Em outras palavras, mais dinheiro público na empresa privada.
"A SuperVia foi duramente impactada pelos efeitos da pandemia da covid-19. Desde março de 2020, acumula uma perda financeira de mais R$ 474 milhões, resultado da redução de mais de 102 milhões de passageiros até 2 de junho de 2021", disse a concessionária em nota.

O fluxo de passageiros caiu pela metade em função da pandemia, de 600 mil para 300 mil por dia. Mas não foi apenas o coronavírus que aumentou a crise no setor. A crise econômica e social do Rio de Janeiro que perdura desde o governo Sérgio Cabral também trouxe prejuízos.

A concessionária, que em nota, reclama de falta de subsídio do governo, é mais um exemplo de que a privatização, mesmo através de concessão, não é a solução para o transporte público de passageiros, mas sim uma gestão de qualidade e os investimentos públicos em transporte para garantir condições dignas no setor para os trabalhadores e preços acessíveis.

Mais dinheiro para as empresas

O estranho é que o estado do Rio, em recuperação fiscal que levou o atual governo (Wiltzel e agora Claudio Castro) a cortar investimentos importantes na educação, saúde e a impor arrocho salarial aos servidores, recebeu da Agência Reguladora dos Transportes do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) o reconhecimento de que o “Poder Concedente” (governo) deve promover o ressarcimento emergencial à SuperVia no valor de R$ 216 milhões”.

É curioso que os defensores da privatização falam sempre na” incapacidade do estado de administrar setores importantes, como os transportes públicos”, mas quando a empresa privada fracassa em sua gestão e nas finanças, se endividando, é ao estado que os empresários recorrem, pedindo mais verbas de subsídio e elevação das tarifas.
Em maio deste ano, o governador Cláudio Castro (PSC), declarou que “as concessionárias de serviços de transporte público no Estado precisarão de alguma modalidade de reequilíbrio financeiro por causa da queda do número de passageiros desde o início da pandemia”. A afirmação é uma contradição no momento em que o governo estadual corta verbas em áreas sociais e promete dar mais dinheiro para as empresas concessionárias dos transportes públicos, sem nenhuma garantia de melhora na qualidade dos serviços como contrapartida.

Mundo reestatiza serviços

O Brasil continua na contramão do mundo mais avançado quando o assunto é privatizar serviços públicos, como energia, água e transporte. Quase 900 reestatizações foram feitas em países centrais do capitalismo, como França, Inglaterra, Alemanha e até EUA. O motivo do retorno à gestão do estado em setores essenciais é por que a privatização resultou em serviços caros e ruins, segundo análises de especialistas e institutos daqueles países.

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