Sexta, 28 Mai 2021 20:36

Bolsonaro demite presidente da Previ. Funcionalismo do BB deve ficar atento

Demissão de José Maurício Pereira Coelho, da Presidência da Previ, foi anunciada como renúncia Demissão de José Maurício Pereira Coelho, da Presidência da Previ, foi anunciada como renúncia

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Imprensa SeebRio

Causou preocupação a demissão do presidente da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, José Maurício Pereira Coelho, anunciada como renúncia, nesta sexta-feira (28/5). Em nota publicada logo após o comunicado da decisão, o ex-diretor do fundo de pensão, Francisco Alexandre, e o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), João Fukunaga, denunciaram o governo Bolsonaro, autor da mudança, por falta de ética, de respeito às regras, normas e leis no caso da demissão do presidente do fundo de pensão dos funcionários.

Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da CEBB, disse que a decisão causou estranheza por não haver motivo aparente que a justificasse, já que José Maurício tem uma trajetória reconhecida à frente da Previ. Ressaltou que a escolha do novo ocupante do cargo deve respeitar as normas de governança do fundo de previdência, como ser funcionário do banco, associado da Previ por no mínimo dez anos e ter experiência em alguma destas áreas: financeira, administrativa, jurídica, contábil ou atuarial. 

“Temos que ficar atentos a esta dança de cadeiras. É importante que sejam respeitadas as normas para garantir uma gestão segura deste que é um patrimônio do funcionalismo do banco, com ativos da ordem de R$ 236 bilhões”, afirmou a dirigente.

Maior fundo de pensão do país

Na nota, Fukunaga e Francisco Alexandre frisam que “a troca do presidente do maior fundo de pensão do país sem observar as normas de governança da entidade representa um risco e leva os associados a refletirem sobre as razões de se dispensar o administrador sem qualquer processo organizado de sucessão”. Lembram que a Previ tem um patrimônio relevante, com mais de R$ 236 bilhões em investimentos de renda fixa e em várias empresas do país para fazer frente ao pagamento dos benefícios dos mais de 190 mil associados com mais de 60 anos.

O texto diz, também, que a solidez do patrimônio da Previ “parece ser o que move a sanha do governo na intervenção” e que “a ação do governo mais parece a uma orquestração para colocarem as mãos no patrimônio dos associados”. E acrescenta que ‘o governo Bolsonaro mostra a cada dia que não considera valores como ética, respeito às regras, normas e leis” e que os fartos “exemplos de ligações e negócios nebulosos no governo” leva a todos a questionar sobre os motivos e intenções na mudança de administração do fundo de pensão.

Acordo Bolsonaro-Centrão

Em matérias publicadas também nesta sexta-feira a mídia comercial trata a saída de José Maurício da Presidência da Previ, como parte do acordo que troca de cargos e verbas públicas em valores bilionários pelos votos do Centrão, o grupo político mais fisiológico do Congresso Nacional. A demissão é mais uma peça do esquema de toma, lá, dá, cá montado pelo governo Bolsonaro do qual fazem parte a distribuição de cargos de primeiro e segundo escalões dos ministérios, autarquias federais e em empresas públicas, e a destinação de verbas do chamando ‘orçamento secreto’ que destinou mais de R$ 3 bilhões de dinheiro público a senadores e deputados deste grupo político, para diferentes fins.

Leia abaixo a íntegra da nota conjunta:

Intervenção do governo na Previ coloca em risco patrimônio dos associados

Os associados foram surpreendidos com a demissão do presidente da Previ, ainda no meio do mandato, pelo governo. A troca do presidente do maior fundo de pensão do país sem observar as normas de governança da entidade representa um risco e leva os associados a refletirem sobre as razões de se dispensar o administrador sem qualquer processo organizado de sucessão.

A Previ tem patrimônio relevante. São mais de R$ 236 bilhões, distribuídos em investimentos renda fixa e em várias empresas do país, recursos para fazerem frente ao pagamento de benefícios aos mais de 190 mil associados por período superior a 60 anos.


A Previ é reconhecida pelos outros fundos do país por ter uma governança forte e alinhada às melhores práticas do sistema. A paridade de diretores e conselheiros tem sido a fórmula que garante uma gestão cuidadosa e sem atropelo do patrimônio, o que se revela em resultados consistentes, superiores às metas, com geração de superávit de mais de R$ 13 bilhões até dezembro de 2020.

A solidez do patrimônio da Previ, por outro, parece ser o que move a sanha do governo na intervenção na administração da Caixa de Previdência. A ação do governo mais parece a uma orquestração para colocarem as mãos no patrimônio dos associados. Recursos construídos em décadas.

O governo Bolsonaro mostra a cada dia que não considera valores como ética, respeito às regras, normas e leis. Os exemplos de ligações e negócios nebulosos no governo também são fartos. O que leva a todos a questionar sobre os motivos e intenções na mudança de administração do fundo de pensão. Situação que aumenta ainda mais a preocupação sobre medidas que possam atacar o modelo de gestão para facilitar a indicação de prepostos com objetivos não republicanos para a Previ.

As entidades associativas, sindicais e os funcionários devem unificar suas ações e cobrar transparência, respeito e seriedade na gestão dos recursos que garantirão a aposentadoria dos 190 mil associados. Os recursos da Previ não podem ser objeto de barganha entre o governo e predadores contumazes de patrimônio em muitos fundos de pensão do país.

Francisco Alexandre – Ex-diretor eleito da Previ

João Fukunaga – Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB

 

 

 

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