Terça, 18 Mai 2021 19:08
QUANDO O POVO REAGE

Esquerda e democracia avançam no Chile e protestos continuam na Colômbia

LIÇÃO PARA O BRASIL - Como no Chile, em 2019, o povo da Colômbia vai às ruas contra o governo de direita de seu país e enfrenta a forte repressão das forças policiais e militares LIÇÃO PARA O BRASIL - Como no Chile, em 2019, o povo da Colômbia vai às ruas contra o governo de direita de seu país e enfrenta a forte repressão das forças policiais e militares Ivan Valencia/AP Photo

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Após os protestos nas ruas do Chile que levaram às ruas mais de um milhão de pessoas em 2019, o país começou a mudar politicamente, mostrando, mais uma vez, que é o povo mobilizado quem promove transformações na sociedade. As manifestações geraram uma explosão social que mergulhou o governo de direita de Sebastina Piñera em uma profunda crise política.

“Sempre se pensou que nós chilenos somos chatos e sem iniciativa, mas nossa criatividade ficou evidente nas ruas. Esse fenômeno nos mobilizou. Respira-se um fervor que nos estimula”, disse na época a ilustradora Paloma Valdivia.

Os protestos contra os resquícios da ditadura do General Pinochet, a política ultraliberal que resultou em graves problemas sociais, como a privatização do sistema de previdência, em que a maioria dos aposentados recebe, em média, meio salário mínimo, culminou com uma vitória do setor popular, progressista e independentes nas eleições deste ano para governador, constituinte e prefeitos. Os independentes ganharam 48 das 155 cadeiras da Convenção Constitucional. A esquerda elegeu 52 deputados e a direita, que se uniu na Chapa “Vamos Chile”, foi a grande derrotada: 38 vagas. Há ainda vagas reservadas às tribos indígenas na Constituinte.

Na região metropolitana, a esquerda venceu com Irací Hassler, do Partido Comunista do Chile, eleita prefeita de Santiago, sucedendo o conservador Felipe Alessandri. O presidenciável Daniel Jadue foi reeleito em Recoleta.

A eleição histórica no Chile fortalece o campo popular para as eleições presidenciais. Desde 1970 que o país não tem um candidato de esquerda na presidência da República, quando o socialista Salvador Allende venceu nas urnas em plena guerra fria, enquanto que os vizinhos, Brasil, Argentina e Paraguai eram governados por ditaduras militares apoiadas pelos EUA. Allende foi assassinado pelo regime militar com dois tiros na cabeça durante o golpe de 11 de setembro de 1973.                                      

Mudanças na Colômbia

Na Colômbia, a população, especialmente os jovens, vão para o 20º dia de protestos. Descrentes das instituições e empobrecidos pela política econômica do governo de direita de Iván Duque, agravada pela pandemia da Covid-19, a juventude, mulheres e negros lideram a chamada “Primavera Democrática”. Pelo menos 42 pessoas morreram desde 28 de abril (um militar e 41 civis), segundo a Defensoria de Direitos Humanos. São mais de 1.600 feridos entre manifestantes e agentes das forças da ordem. Os abusos cometidos pelas forças policiais e militares estão sendo denunciados às entidades internacionais de direitos humanos.

“Sempre que o campo popular avança na América Latina, a direita golpista tenta inviabilizar e derrubar os governos de esquerda com apoio dos EUA para implantar ditaduras ou até eleger presidentes pelo voto, como ocorreu no Brasil, em que uma rede de fake news e a retirada de Luís Inácio Lula da Silva do páreo pelo processo judicial parcial do ex-juiz Sérgio Moro, levou o reacionário Jair Bolsonaro ao poder. Estes novos ares que veem do Chile e das ruas da Colômbia enchem o Brasil e a América Latina de esperança em mais um momento de avanço da esquerda e da democracia”, avalia o presidente eleito do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira.

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