EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A renda média dos trabalhadores negros é de R$ 1.865, muito menor do a do restante da força de trabalho nacional, que recebe R$ 3.509. A dificuldade da população negra para entrar e ascender no mercado de trabalho e os salários menores, além de serem uma anomalia social criminosa, são também um entrave para o desenvolvimento econômico do Brasil. Se os profissionais pretos e pardos fossem remunerados como seus pares de outras raças no Brasil, quase R$ 1 trilhão de renda seria adicionado ao mercado de trabalho e de consumo. É o que aponta uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada no final de abril deste ano.
Segundo dados do IBGE utilizados no levantamento, a renda média dos trabalhadores negros - que são mais da metade da população (56%) - é de R$ 1.865, enquanto o restante da força de trabalho nacional recebe R$ 3.509.
“Esta é a herança histórica de uma sociedade racista e cuja lógica escravocrata das classes dominantes continua viva. O racismo é um mal que precisa ser extirpado de nosso país, primeiro para que haja igualdade de oportunidades, mas também para que possamos ter um desenvolvimento econômico e social sustentável”, afirma Almir Aguiar, Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
Importância das cotas
A dívida histórica do Brasil com negros e negras explica a importância das políticas de cotas, criadas no Brasil pelo Governo Lula. Apenas 11% da população negra concluiu o ensino superior, quase o mesmo contingente que não frequentou a escola: são 8%, contra 4% dos não negros. Dos que conseguem ingressar na escola, 91% dos negros estudaram em colégio público e 89% nunca fizeram cursos de idiomas, enquanto 74% nunca receberam nenhuma certificação profissional. “O preconceito racial da burguesia brasileira não consegue fazer com que os defensores dos mercados vejam que a inclusão social dos negros é benéfica não apenas para estas populações marginalizadas, mas para todo o conjunto da sociedade. Pacificação social só é possível com justiça social e racial”, completa Almir. Quase 30% da população negra está inserida nas classes D e E, 52% na classe C, e apenas 19% na classe A.
“O Brasil é um país extremamente racista e este 1º de Maio merece uma profunda reflexão para buscarmos a compreensão e a superação de um retrocesso político tão grande que tivemos com a eleição de um governo que se volta contra as ações afirmativas e contra a luta dos movimentos negros, por um país justo e livre de toda a forma de preconceito e discriminação”, completa o sindicalista.