Segunda, 10 Mai 2021 21:24

Lucro dos bancos é recorde em meio à crise econômica e sanitária do país

Há décadas que o Brasil é refém de uma mesma política econômica especulativa e mesmo com uma das mais graves crises econômicas agravadas pela pandemia do coronavírus, em que cresce o número de falências na indústria e no comércio e o desemprego explode, os grandes bancos, que formam um cartel (detêm mais de 80% das operações financeiras do país) continuam batendo recordes nos lucros.

Mais dinheiro na pandemia

O Bradesco foi o banco que mais lucrou de janeiro a março deste ano: R$6,5 bilhões. Em seguida aparece o Itaú, que faturou R$6,4 bi e o Banco do Brasil (R$4,2 bi). O Santander teve um lucro líquido de mais de R$4 bi, uma alta de 4,1%. O que assusta foram os saltos dos ganhos do setor em relação ao ano passado, em plena crise da pandemia: O lucro do Bradesco cresceu 73,6%, o do Itaú 63,5% e do BB, 44,7%. Até o fechamento desta edição, a Caixa Econômica Federal ainda não havia divulgado o resultado do trimestre. “É inacreditável que em uma recessão econômica, com todo o setor produtivo, indústria, comércio e serviços quebrados, os bancos continuam ganhando cada vez mais dinheiro, explorando os bancários, desrespeitando os clientes com fechamento de agências e demitindo trabalhadores em massa. É uma afronta à sociedade”, critica o vice-presidente da Contraf-CUT Vinícius de Assumpção.

O trabalhador paga a conta

A política econômica do ministro Paulo Guedes agravada pela pandemia fez crescer em 50% o número de falências no país em março, em comparação com o mesmo mês de 2020. “No final das contas quem paga pela crise para manter este modelo econômico em que somente os banqueiros e algumas poucas grandes corporações ganham, é o trabalhador. O Brasil bateu um recorde no número de desempregados, mais de 14 milhões, um salto de 14,4% em fevereiro. Em apenas um trimestre foram mais de 400 mil pessoas que perderam o emprego. Fora os quase seis milhões de desalentados, ou seja, que desistiram de voltar ao mercado de trabalho”, acrescenta Vinícius, baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de desalentados é recorde desde o levantamento histórico iniciado em 2012.
“Mesmo batendo recorde nos lucros, os bancos privados fecham postos de trabalho, elevam a pressão por metas e aumentam os juros em plena pandemia, quando no resto do mundo os juros chegam a ser zero para incentivar o consumo e fazer circular a economia. E o Governo Bolsonaro ainda impõe o desmonte para privatizar as instituições públicas, como a Caixa e o BB e concede R$1,2 trilhão para o setor que mais ganha dinheiro há 40 anos no Brasil”, completa o sindicalista.
A informalidade, que gera trabalho precário, também bateu recorde: mais da metade da população que trabalha está em emprego informal, sem carteira assinada e nenhum direito trabalhista. Com a economia em frangalhos, o Brasil continua a ser o paraíso dos bancos.

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