Segunda, 03 Mai 2021 12:29

Após anunciar suspensão da 2ª dose da CoronaVac, Rio adota novo calendário; veja datas

Imunização será feita de forma espaçada, segundo cronograma divulgado pela Prefeitura do Rio. Nesta segunda-feira (3), é a vez de idosos com 70 anos ou mais de idade.

Por Lívia Torres, Bom Dia Rio

 


Rio adota novo calendário de vacinação após anunciar suspensão da 2ª dose da CoronaVac
 
 
 
 
 
 
 
 
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Rio adota novo calendário de vacinação após anunciar suspensão da 2ª dose da CoronaVac

 

Após anunciar no fim de semana a suspensão da aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac, a cidade do Rio retoma, de forma espaçada, a imunização para idosos que já fizeram a primeira dose no município. Nesta segunda-feira (3) é a vez de idosos com 70 anos ou mais de idade.

Calendário da segunda dose de CoronaVac no Rio:

 

  • Dia 3 (segunda) - idosos com 70 anos ou mais de idade;
  • Dia 4 (terça) - idosos com 67 anos ou mais;
  • Dia 8 (sábado) - idosos com 66 anos;
  • Dia 13 (quinta) - idosos com 65 e 64 anos;
  • Dia 17 (segunda) - idosos com 63, 62 e 61 anos.

 

interrupção da aplicação da CoronaVac no Rio e em outras setes capitais, por insuficiência de estoques, havia sido confirmada pelo G1 no domingo (2).

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse no domingo que o problema é reflexo da conduta de seu antecessor no comando da pasta, Eduardo Pazuello, que dois dias antes de sair do cargo deu ordem para que os estados não estocassem vacinas para a segunda dose.

 

Rio recebeu 17 mil de 150 mil doses, diz secretário

 

Secretário Municipal de Saúde do Rio fala sobre o novo calendário de vacinação
 
 
 
 
 
 
 
 
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Secretário Municipal de Saúde do Rio fala sobre o novo calendário de vacinação

 

Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a mudança foi necessária porque há três semanas que a capital não recebe doses do Instituto Butantan em quantidade.

“A gente chegou a ter 320 mil doses reservadas, mas a queda na produção do Butantan foi muita intensa. Não era possível continuar o calendário. A gente vai ter um atraso máximo de 10 dias para algumas pessoas. E para a maioria das pessoas o atraso vai ser somente de 5 dias”, disse Soranz em entrevista ao Bom Dia Rio nesta manhã.

“Assim que receber as vacinas do Instituto Butantan, a gente acelera e aplica as vacinas da segunda dose”.

Segundo ele, o atraso de poucos dias não vai interferir no processo de proteção contra a Covid-19.

O secretário explicou que houve necessidade de um calendário diferenciado por causa da redução no número de doses recebidas do Butantan.

“A gente ia receber 150 mil doses do Instituto Butantan na sexta-feira e a gente recebeu 17 mil doses, um número muito abaixo do que estava previsto. Isso já tinha acontecido duas semanas atrás, mas como a gente tinha reservado doses, a gente conseguiu sustentar, mas agora nessa sexta-feira, com essa redução tão grande de aporte, é impossível sustentar”.

Soranz disse ainda que estão previstas novas entregas do Butantan nos dias 6, 10 e 14 e com isso é possível “dar um pouco mais de previsibilidade para a população”.

O secretário falou também que recebeu um aporte muito maior da vacina AstraZeneca e com isso foi possível antecipar o calendário da primeira dose.

“A gente tem um aporte muito maior de vacina AstraZeneca e a gente pôde antecipar também o calendário da primeira dose. A gente consegue fazer uma vacina por dia, começando com 56 anos hoje e acabando com 52 na sexta-feira”.

 

“E é claro que a partir disso, os municípios vão ter muito mais desconfiança dessa recomendação do ministério [da Saúde] e a gente vai ter que obrigatoriamente segurar a segunda dose para evitar que aconteçam interrupções como essa”.

uso de máscara deve ser mantido mesmo após a imunização completa, segundo o secretário.

“Todo processo de vacinação, 14 dias após a segunda dose, você deve utilizar máscara, se proteger, porque você não está imune ainda à Covid-19. As pessoas que vão ter um atraso de 5 dias e esse grupo de 10 dias vão estar 10 dias a mais suscetíveis à doença. Mas isso não atrapalha o processo de imunização, ou seja, vai estar imunizado quando tomar a segunda dose. E a primeira dose que você tomou já está te ajudando nessa proteção”.

Aplicação da segunda dose de CoronaVac no Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Aplicação da segunda dose de CoronaVac no Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

 

Confusão no Rio

 

Na quinta-feira (29), o prefeito Eduardo Paes chegou a dizer que a população poderia ficar tranquila porque a cidade tinha reserva para a segunda dose.

“Apesar de ter tido uma liberação do Ministério da Saúde no sentido de que não se reservasse a segunda dose, tomamos o cuidado de fazer uma reserva técnica", disse o prefeito.

Mas dois dias depois o secretário Daniel Soranz informou que a aplicação da segunda dose de CoronaVac estava suspensa por 10 dias, por falta de entrega de doses.

 

"A gente lamenta e pede desculpas por esse atraso. A gente segurou com a nossa reserva durante três semanas uma redução de aporte de CoronaVac, mas a partir dessa semana a gente precisa de novas doses para manter o calendário", falou Soranz.

O anúncio da suspensão causou preocupação para quem procurou os postos de saúde no sábado (1º).

“Falaram que tinha vacina suficiente pra segunda feira. Toda hora a gente fica torcendo, tá chegando o dia, vamos tomar a segunda dose”, disse o aposentado Sérgio Teixeira Pinheiro.

 

“A gente fica preocupado de perder a validade da primeira dose. A gente fica sem saber o que vai fazer”, falou a aposentada Maria da Penha Pinheiro.

 

 

Nota do Butantan

 

O Instituto Butantan divulgou uma nota sobre o assunto.

"A responsabilidade pelo planejamento e logística de distribuição de doses, além da orientação técnica aos estados em relação à utilização dos estoques, é exclusiva do Ministério da Saúde.

(...) Os esforços para a importação dos insumos estão sendo feitos integralmente pelo Butantan e pelo Governo do Estado de São Paulo.

E ressaltamos que questões referentes à relação diplomática entre Brasil e China podem sim afetar diretamente o cronograma de envio de IFA.

O instituto pretende disponibilizar todas as 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde até 30 de agosto, antecipando em um mês o cronograma contratutal".

O diretor de Pesquisas Clínicas do Butantan explicou que, mesmo que aconteça um atraso na aplicação da segunda dose, não é necessário refazer a primeira.

“Não precisa reiniciar o esquema, só precisa completar, então isso significa só tomar a dose que está faltando, não precisa tomar de novo todo o esquema. Às vezes existe alguma confusão nesse sentido e dizem ‘passou muito tempo entre a primeira dose e eu quero, prefiro começar de novo’. Não é o apropriado", disse Ricardo Palácios.

 

"O apropriado é apenas terminar o esquema, então, toma a primeira dose e esqueceu ou não teve a oportunidade de tomar a segunda dose, por alguma razão, vai na unidade de saúde e toma a segunda dose para cumprir o esquema”.

 

Por que faltam vacinas?

 

O Ministério da Saúde não seguiu a recomendação dos especialistas, que determina que se deve guardar vacinas com prazo de validade relativamente curto e que exigem duas doses.

Quando o general Eduardo Pazuello era ministro da Saúde, ele orientou as prefeituras a usar todo o estoque para garantir a primeira dose sem se preocupar com a segunda dose. Pazuello dizia que “com a liberação para aplicação de imediato de todo o estoque de vacinas guardadas nas secretarias municipais, vamos conseguir dobrar a aplicação".

Em 21 de março, dois dias antes de Pazuello deixar o cargo, a Secretaria de Vigilância em Saúde, o órgão do Ministério da Saúde responsável pela campanha de vacinação, autorizou o uso imediato, para primeira dose, de todo o estoque de vacinas armazenadas pelos estados para a segunda aplicação.

Em 26 de abril, o novo ministro, Marcelo Queiroga, foi ao Senado para dizer que a orientação mudou e que, agora, o Ministério pede para que os estados armazenem metade do estoque para usar na segunda dose.

 

Disponibilidade depende de laboratórios

 

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a distribuição das vacinas "depende da disponibilização dos imunizantes pelos laboratórios".

A pasta afirma que publica informes técnicos semanalmente com base no número de doses da vacina contra a Covid-19 entregues pelos laboratórios, e pede para que estados e municípios sigam o Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a Covid-19.

O ministério recomendou que aqueles que não tomaram a segunda dose dentro do prazo "completem o ciclo vacinal com os imunizantes do mesmo laboratório assim que disponível".

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