Sexta, 09 Abril 2021 19:16

Mudança de presidente do BB, não altera objetivo de Bolsonaro de privatizar o banco

O presidente do BB, Fausto Ribeiro, alinhado com Bolsonaro O presidente do BB, Fausto Ribeiro, alinhado com Bolsonaro

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

A troca de presidente do Banco do Brasil, concretizada no dia 1º deste mês, com a posse de Fausto Ribeiro, não muda o plano do governo de privatizar o maior banco público do país. Funcionário de carreira, Ribeiro substitui a André Brandão, que antes foi chefe global do HSBC para as Américas. Para Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), com Brandão, a disposição de vender ficava mais evidenciada, mas seu substituto é alinhado ao governo que tem na privatização, não só do BB, mas de outras estatais, um item fundamental do seu projeto político.

A mudança teve caráter eleitoral. Bolsonaro vazou para a imprensa a informação de que teria se sentido incomodado com o plano de reestruturação anunciado em 11 de janeiro por Brandão, apesar de ter conhecimento prévio e autorizado a sua implantação. O plano fechou, em pela pandemia, 361 agências, postos de atendimento e escritórios de negócios, além de demitir de forma incentivada 5.500 funcionários, enxugando a estrutura da estatal para baratear a venda, sendo uma preparação da privatização. Houve reclamações, inclusive de deputados bolsonaristas, devido ao fechamento de agências em cidades administradas por prefeitos ligados a eles onde o BB era o único banco presente.

O desgaste foi maior ainda devido à campanha feita pelo funcionalismo do banco, com paralisações nacionais e a possibilidade de uma greve por tempo indeterminado. Também houve pressão de parlamentares da oposição e até mesmo de setores da economia aliados ao governo, como o agronegócio, um dos que mais recebem financiamentos do BB.

Bolsonaro sentiu o peso do desgaste e colocou a responsabilidade pelo desmonte sobre as costas de Brandão, a quem passou a ‘fritar’ publicamente, até que anunciasse que sairia do cargo em 1º de abril. De olho nas eleições do próximo ano, colocou em seu lugar um funcionário de carreira, mas alinhado à sua política de privatização, porém, de forma menos evidente.

Cortina de fumaça

Em carta aos funcionários no dia de sua posse, Ribeiro usou um discurso ambíguo, afirmando que o banco ‘é de todo o Brasil’, mas defendendo a continuidade do desmonte da estrutura do banco, através da venda do que chamou de ‘atividades não essenciais’ do BB, seguindo a linha de seus antecessores. Desta forma, mostrou ao setor financeiro privado que vai manter a política já colocada em prática em outras estatais na mira da privatização.

Para Rita Mota, a privatização do banco não é um processo fácil, nem rápido. “Nem entre os apoiadores de Bolsonaro. Enfrenta resistências dentro do próprio governo. O BB é um grande financiador do agronegócio, é estratégico, tem uma rede de agências presente em todo o país, mesmo em cidades do interior que não interessam aos bancos privados porque não dão retorno imediato”, exemplificou. Mas advertiu que a continuidade das ações de preparação da privatização, como o anúncio da alienação de mais ativos, mostram que o governo mantém firme o seu objetivo.

“O governo Bolsonaro está comprometido. A privatização é parte de um projeto para atender ao setor financeiro nacional e internacional. O BB e as demais estatais despertam a cobiça e a ganância do setor privado. A partir desta demanda, o governo vai criando uma série de justificativas, como a de que a venda seria feita como parte de um ajuste fiscal, por exemplo”, argumentou. Acrescentou que esta justificativa não tem o menor sentido já que as estatais colocadas à venda são extremamente lucrativas e, desta forma, capitalizam o Estado, aumentando a receita pública. “Além do que, os preços de venda são absurdos, muito abaixo do que estas gigantes valem”, afirmou.

 

 

 

     

 

 

 

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