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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, costuma dizer que o Brasil “precisa privatizar tudo”. Na lista, para atender a ânsia do setor privado por mais lucros, estão os Correios, Eletrobrás, Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Mas a ideia de entregar ao setor privado todas as empresas públicas está na contramão de uma tendência mundial, nas nações mais desenvolvidas. Após a onda de privatizações dos anos 80 e 90, está havendo um movimento contrário, de reestatização de serviços de setores importantes, como energia, água e transporte. Quase 900 reestatizações foram feitas em países centrais do capitalismo, como EUA e Alemanha. Cerca de 884 serviços caros e ruins foram reestatizados no mundo nos últimos anos.
O caso da Cedae
Um exemplo de onda privatista em nível estadual é o caso da Cedae, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos a população percebeu uma piora drástica nos serviços de abastecimento de água, especialmente nas áreas mais populares.
“É sempre assim, quando os governos querem privatizar tornam o serviço muito pior e promovem o desmonte da empresa, com o intuito claro de convencer à opinião pública de que a melhor saída é a venda ou concessão para o setor privado”, afirma o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Paulo Matileti.
Reestatização na Europa
De acordo com um mapeamento feito por onze organizações majoritariamente europeias, foram registrados 267 casos de "remunicipalização", ou reestatização, de sistemas de água e esgoto em cidades como Berlim e Paris.
Cidades latino-americanas como Buenos Aires e La Paz também sofreram com os péssimos e caros serviços oferecidos por empresas privadas e tiveram serviços de água e esgoto remunicipalizados.
“O ultraliberalismo do Paulo Guedes não é aplicado em lugar do mundo, e onde foram privatizados serviços públicos não deram certo e os governos estão retomando ao estado. O Brasil está na contramão do mundo”, destaca Matileti.
Ataque aos bancos públicos
O sindicalista lembra que o processo de reestruturações impostos pelo governo Bolsonaro na Caixa e no Banco do Brasil têm o mesmo objetivo privatista.
“Imagina se a população brasileira fosse depender do setor privado, de um Itaú ou Bradesco para receber o programa emergencial, FGTS e seguro desemprego. Teríamos uma tragédia social nesta pandemia, pois os banqueiros só querem a fatia lucrativa dos bancos públicos sem nenhum compromisso social”, acrescenta o sindicalista.
Mobilização popular
Nesta quinta-feira, dia 4 de março, as centrais sindicais vão realizar protestos nacionais contra a privatização de estatais e empresas públicas em defesa da qualidade dos serviços públicos.
“Pesquisas indicam que a maioria dos brasileiros é contra as privatizações. Precisamos transformar isso em mobilização para pressionarmos o Congresso Nacional a não aprovar mais essa sandice do Governo Bolsonaro”, completa o dirigente sindical.