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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O presidente Jair Bolsonaro sancionou na última quarta-feira, 24 de fevereiro, a Lei que garante a chamada “autonomia do Banco Central”, durante cerimônia no Palácio do Planalto. A proposta prevê a adoção de mandatos de quatro anos para o presidente e diretores da autarquia federal. Como os mandatos ocorrerão em ciclos não coincidentes com a gestão do presidente da República, a política monetária, inclusive a definição das taxas de juros, ficará definitivamente nas mãos do cartel privado de bancos, independentemente de quem seja eleito presidente da República em 2022. A proposta, um antigo sonho dos banqueiros e especuladores, impede que o futuro presidente do país demita a direção do BC e tenha qualquer ingerência sobre a política monetária.
Quem controla o BC?
Como há décadas o BC tem sido dirigido por representantes das instituições financeiras privadas, o cartel dos bancos ganha ainda mais força para controlar a política econômica do país. Não por acaso, o atual presidente da instituição é Roberto Campos Neto, executivo do mercado financeiro, tendo trabalhado por 18 anos no Banco Santander.
A serviço dos banqueiros
Bolsonaro sancionou a Lei com dois vetos que blindam e privilegiam aind’a mais os banqueiros e especuladores na direção do BC: o dispositivo que proibia dirigentes da instituição de exercerem outros cargos (exceto professor) e também o que impedia dirigentes de manter participação acionária em instituições do sistema financeiro, inclusive cônjuges e parentes de segundo grau.
“É evidente que os banqueiros e executivos do sistema financeiro, que há décadas controlam o BC, são representantes do cartel dos bancos e não só exercem cargos no mercado financeiro como são acionistas destas instituições. Bolsonaro não apenas dá carta branca aos bancos com a chamada autonomia, mas vetou dispositivos importantes que tinham por objetivo limitar essa relação promíscua dos bancos privados com a instituição que define a política monetária do país”, critica o vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti.
O sindicalista lembra ainda que esta decisão está na contramão do que ocorre hoje nos país capitalistas mais desenvolvidos.
“Países que adotaram esta medida perceberam que é inviável a autonomia do Banco Central, pois a política monetária precisa estar em sintonia com a política econômica do governo. Temendo uma derrota eleitoral em 2022, os banqueiros trataram de dar um jeitinho para continuar controlando os juros, os maiores do mundo, e manter esta política econômica especulativa em que somente os bancos ganham rios de dinheiro e que impede o desenvolvimento nacional e a valorização da produção e do trabalho. Os bancos querem continuar mandando no Brasil sem nenhuma legitimidade e nenhum voto do povo brasileiro. Está claro que o Governo Bolsonaro está a serviço dos banqueiros,”, completa.