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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A vida do menino pobre, nascido em Caetés, na cidade de Garanhus, no interior de Pernambuco, no dia 27 de outubro de 1945 sempre foi feita de grandes desafios. O primeiro foi lutar pela própria sobrevivência. O sétimo filho dos lavradores Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo migrou ainda criança para São Paulo com sua família. Seu segundo desafio foi liderar o movimento sindical do ABC Paulista em plena ditadura militar, quando liderou algumas das maiores greves da história que o levaram a prisão e as manchetes dos noticiários nacionais. Em 1989 se candidatou na primeira eleição presidencial direta após mais de vinte anos de regime militar e a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, que morreu logo após, assumindo o seu vice, José Sarney. O que poucos imaginavam é que Lula, um dos fundadores do PT e da CUT (Centeal Única dos Trabalhadores), superaria políticos de peso, como Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB), Ulisses Guimarães (PMDB) e Paulo Maluf (PDS) e conseguiria ir para o segundo truno, perdendo o pleito para Fernando Collor de Mello, o primeiro “mito” criado pela mídia e sem partido eleito presidente com apoio dos grandes grupos financeiros nacionais e estrangeiros. Por duas vezes perdeu para a eleição presidencial para Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994 e 1998. Mas Lula nunca desistiu ante as adversidades e se elegeu presidente em 2002.
O Combate à fome
Quando a expectativa de seus opositores era a de que ele iria promover uma ruptura, surpreendeu, fazendo uma pactuação social que garantiu a estabilidade econômica e um dos períodos de maior prosperidade do capitalismo brasileiro. Seu outro desafio era um compromisso de vida, de sua origem de classe: garantir a todos os brasileiros, pelo menos três refeições por dia. Realizou o maior programa de transferência de renda da história do Brasil, o Bolsa Família e o Fome Zero, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como os programas que possibilitaram a saída do país do mapa da fome. Atingiu os maiores índices de popularidade desde Getúlio Vargas e foi reeleito em 2006, derrotando mais uma vez os tucanos.
A economia prosperou
O Governo Lula realizou uma das mais bem sucedidas políticas externas em todos os tempos e fez o Brasil recuperar o respeito de govenros e presidentes em todo o mundo. Triplicou o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e levou o país a um altíssimo grau de investimentos, com projetos e relevantes obras públicas na área de habitação, indústria naval e saneamento. Com programas sociais, elevação do salário mínimo e aumento real para os trabalhadores, fez a roda da economia do Brasil girar, gerou milhões de emprego e elevou a renda dos brasileiros. Sua popularidade o fez eleger e reeleger Dilma Rousseff, cujo governo enfrentou uma forte crise econômica e sofreu, em seguida, um impeachment. Na verdade, um golpe de estado apoiado por banqueiros, grandes grupos econômicos e pelo capital internacional.
A trama da Lava-Jato
Com o seu retorno à disputa eleitoral e o favoritismo para vencer, foi investigado, condenado e preso sem nenhuma prova. Após as gravações do The Intercept Brasil ficou mais do que evidente que os processos do juiz Sérgio Moro, que em seguida se tornou Ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, estavam viciados e eram uma trama em que quem julga combinou com quem acusa - o procurador do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol - para prender Lula e tirá-lo da disputa em 2018. Moro e Dallagnol saem dos holofotes, com medo da perda completa de credibilidade. A Lava-Jato, que inaugurou um ativismo judicial de direita, tem seus braços em interesses internacionais sobre o país. E o governo entreguista de Bolsonaro e Guedes confirmam este drama brasileiro, em quem paga a conta são os mais pobres.
Lula e 2022
O filho de agricultores pobres do nordeste, que venceu o desafio pela sobrevivência, enfrentou a ditadura militar e derrotou os mais fortes adversários, enfrenta agora o maior desafio de sua vida, que não é mais o de provar a sua inocência, mais do que evidente até em função de sua própria trajetória, mas sim, o desafio de garantir um direito que lhe foi roubado: o de disputar, mais uma vez, as eleições presidenciais.
E na cancha, os adversários sabem que terão de suar muito para derrotá-lo. Afinal, aos 75 anos, Lula é o último dos grandes líderes de massa que se tornaram maiores do que os partidos políticos, as previsibilidades, daqueles que têm uma relação direta e íntima com o povo. Que ninguém duvide da capacidade de Lula de superar desafios. Porque Lula é Lula.