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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A dois meses para o início do Pix - o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos -, as instituições financeiras se movimentam para oferecer um produto seguro aos clientes. Os esforços são para que o sistema seja blindado contra fraudes e, ao mesmo tempo, ofereça aos usuários opções simples para transferências e pagamentos.
O passo mais perceptível na instalação da ferramenta será dado em 5 de outubro, quando pessoas físicas e empresas passarão a cadastrar "chaves" nos bancos para receber depósitos. Mas as instituições se anteciparam e estão promovendo um pré-cadastramento nos sites e apps, no que está sendo chamado de "a guerra das chaves".
Uma chave (CPF, CNPJ, e-mail ou telefone celular) estará vinculada a uma única conta bancária. Assim, quem transferir dinheiro pelo Pix poderá informar apenas a chave do recebedor para liquidar a operação - e não necessariamente os dados bancários (nome, agência e número da conta). O passo seguinte está agendado para 16 de novembro, quando o sistema começa a funcionar de fato e será possível fazer transferências e pagamentos.
Profissionais da área de tecnologia e instituições afirmam que a movimentação que antecede a estreia do Pix é intensa. "Primeiro, as instituições estão se preparando para o Pix com campanhas de marketing, porque existe a 'guerra das chaves'", explica Carlos Netto, CEO da Matera, uma empresa que atua no desenvolvimento de tecnologia para o mercado financeiro. Esta guerra se traduz nos esforços dos grandes bancos, mas também dos menores, para que seus clientes registrem uma chave em suas instituições - e não na concorrência.
O movimento mais visível foi feito pelo banco Santander (SA:SANB11), que lançou uma campanha publicitária para o SX - o Pix do banco - com a atriz Ana Paula Arósio, há anos fora das telas. O Banco do Brasil (SA:BBAS3) oferece um tutorial em seu aplicativo e o Bradesco (SA:BBDC4) já realiza um pré-cadastro de chaves. O Itaú Unibanco também tem tratado do assunto em seus canais com o cliente.
"O Pix traz desafios ao sistema bancário por associar novos dados de identificação, como CPF, e-mail e telefone às contas correntes transacionais. Portanto, abordar o tema de segurança digital torna-se ainda mais importante", afirma Carlos Eduardo Peyser, diretor de Estratégias PME e Open Banking do Itaú Unibanco. O banco tem 250 profissionais dedicados há alguns meses ao novo sistema.
As instituições financeiras correm ainda contra o tempo para cumprir as exigências do Banco Central. Até o dia 30 de setembro, por exemplo, elas têm de passar por testes de estresse, que buscam avaliar se estão preparadas para suportar determinado volume de pagamentos por segundo.
"Os bancos precisam estar conectados à rede e preparados para mandar e receber dinheiro pelo Pix, além de fazer transações por QR Code (Quick Response Code, ou código de resposta rápida)", resume Carlos Netto, da Matera. "Outra linha de frente é o aplicativo. Todos os bancos já mandaram um anteprojeto, para o BC aprovar, e agora estão fazendo ou alterando o app."
O CEO da Dinamo Networks (que atua em segurança de identidade digital e criptografia), Marco Zanini, avalia que aplicativos de instituições maiores já possuem modelos de autenticação robustos. Isso também é verificado em várias instituições menores, como as fintechs. "Em carteiras digitais, quando o usuário abre uma conta, ele precisa digitalizar o RG, o CPF. Há ainda testes de imagem. Existe uma série de modelos de cadastro que trazem a prova de vida."
Prioridade
Apesar dos pedidos de adiamento, o BC tem mantido a data de estreia do Pix. O projeto é tratado como prioridade pelo presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que possui interesse especial pelos temas ligados à tecnologia financeira.
O BC também tem sido irredutível quanto a algumas regras. Algumas instituições sugeriam, por exemplo, que o sistema começasse permitindo transferências de menor valor que o TED, para que a estrutura fosse testada. A própria Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vem defendendo uma implementação de "maneira faseada", considerando os riscos para a entrada em funcionamento do novo sistema.
O BC, porém, determinou que as transferências pelo Pix terão limite equivalente ao da TED. Com isso, o banco regulador busca garantir a concorrência entre produtos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.