Terça, 25 Agosto 2020 01:17

Bancários e bancárias: essenciais

Adriana Nalesso,  Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Adriana Nalesso, Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

O que você vai ser quando crescer? A velha pergunta atravessa gerações. A escolha da profissão não é simples e é influenciada por fatores bem particulares. Cada um de nós tem motivos e histórias particulares que nos trouxeram até aqui. Somos bancários e bancárias, com todas as vantagens e todos os ônus da profissão. E hoje, não há dúvidas, somos essenciais. A pandemia que atravessou nossas vidas de forma avassaladora, interrompendo rotinas, planos, nos afastando do convívio que pessoas amadas e fazendo o medo da morte nos assombrar diariamente, não deixou dúvidas de que nossa profissão tem um valor precioso para a sociedade. Fazemos parte de um sistema financeiro que é questionável, que gera lucros bilionários para poucos, mas também que tem se mostrado indispensável para a população e o quanto é fundamental para a execução de políticas sociais


Nosso serviço foi classificado, desde e o início, da maneira como o sentimos e praticamos: essencial. Assim, parte da categoria passou a desempenhá-lo em casa, adaptando-se a uma nova realidade sem que houvesse tempo para preparação. O home office, longe de significar descanso, foi um desafio que tivemos que enfrentar mantendo o desempenho e atendendo às necessidades dos clientes preservando a qualidade dos serviços prestados. Equilibrar a rotina doméstica com a pressão profissional é um duro aprendizado. Outra parte significativa de nossos colegas continuou trabalhando nas agências atendendo ao público, enfrentando o medo e o vírus. Como por sinal, aconteceu aqui no nosso Sindicato


Não é fácil ser a face humana do sistema financeiro, aquela que nenhuma tecnologia poderá substituir. Lidar com o público quando a pandemia se mantém causando mortes de forma assustadora continua sendo um obstáculo diário. Todo o esforço, que tem se traduzido em manutenção da prestação de serviço, superação de metas, até economia milionária para os bancos, deveria ser reconhecido e recompensado. Os bancários e bancárias não merecem apenas palavras de agradecimento. Merecem, no mínimo, reconhecimento que se materialize em direitos assegurados e reajuste de salários e benefícios. Se os banqueiros não deixaram de lucrar na pandemia, foi por esforço de cada trabalhador e trabalhadora Não há dúvidas quanto a isso. O Dia dos Bancários é mais um motivo para relembrarmos aos bancos que somos essenciais. Infelizmente, o que temos visto na Campanha Nacional é que a insensibilidade deles não tem limites e que o discurso de socialmente responsável não inclui os próprios funcionários.


Poderíamos apenas nos lamentar diante de uma situação tão desestimulante, mas nossa história não nos permite. Nos 90 anos de luta de nosso sindicato aprendemos que nada nos é dado, apenas conquistado. Cada direito, cada reajuste, até o reconhecimento. Já lutamos contra a ditadura – nunca podemos esquecer que nosso presidente Aluísio Palhano foi assassinado pelo governo militar -, sempre enfrentamos a ganância dos patrões, passamos por inúmeras crises econômicas e agora essa crise sanitária sem precedentes. Nós perdemos colegas para a Covid-19, inclusive nosso diretor Francisco Abdala, o Chicão. Mas não perdemos nosso orgulho de defender essa categoria. Não perdemos a disposição para a luta, a vontade de seguir. Por isso, quero felicitar a todos, companheiras e companheiros, no Dia do Bancário e da Bancária, desta vez com um orgulho renovado pela dedicação e profissionalismo de todos vocês. É uma honra representar uma categoria guerreira como esta, resiliente e resistente. E resistiremos de várias formas, inclusive com alegria - ou este não seria um sindicato carioca da gema. A felicidade é também uma forma de recarregar a energia e dizer que continuamos na luta. Então, parabéns, bancários e bancárias! Vamos celebrar a nossa história e seguir juntos/as na luta por justiça, direitos sociais e democracia!

Adriana Nalesso,
Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

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