Quinta, 13 Agosto 2020 18:45

Comando reivindica da Fenaban dados precisos sobre a desigualdade nos bancos

Na negociação virtual, a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, cobrou da Fenaban a apresentação de propostas concretas Na negociação virtual, a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, cobrou da Fenaban a apresentação de propostas concretas

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Uma exposição comparando dados incompletos sobre desigualdade de gênero e raça no sistema financeiro com os de outros setores da economia e não a totalidade do censo 2020 sobre a desigualdade existentes nos bancos. Estas foram as informações encaminhadas pela Fenaban ao Comando Nacional dos Bancários, em negociação virtual nesta quinta-feira (13/8). A avaliação é que os números foram insuficientes para embasar uma negociação sobre cláusulas importantes que visam reduzir a desigualdade de gênero e raça. O Comando cobrou a apresentação de todos os dados do censo da desigualdade 2020. Os bancos se comprometeram a disponibilizá-los em uma rodada a ser agendada.

Proposta concreta  

Para o Comando o tempo está passando sem que os bancos apresentem propostas concretas sobre os diversos temas. “A categoria bancária exige celeridade da Fenaban”, afirmou a presidenta do Sindicato e integrante do Comando Nacional, Adriana Nalesso.

Lembrou que o não encaminhamento de proposições, que terão ainda que ser negociadas, faz cair por terra o argumento inicial dos bancos, na primeira rodada da campanha, de que havia ‘muito tempo’ para a conclusão das negociações e que o prazo de vigência da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) estava longe. O argumento foi usado para justificar a não assinatura um pré-acordo que mantivesse as cláusulas da convenção até a assinatura de uma nova.

Adriana lembrou que a próxima negociação será nesta sexta-feira, às 16 horas, sobre cláusulas sociais. Na próxima semana, será sobre remuneração. “É importante a apresentação de propostas concretas”, enfatizou.

Discriminação nos bancos

Adriana lembrou que os últimos dados dos censos feitos pelos bancos só confirmam a discriminação de gênero e de cor da pele nos bancos. E acrescentou ser necessário conhecer todas as informações do levantamento de 2020.

Citou números do levantamento de 2008 em que os negros eram apenas 2,3% da categoria e 3,4%, em 2014. A discriminação aparecia com força também na remuneração, que, na média, em 2008, para os negros era 84,1% a dos brancos e, em 2014, 87,3%. Já as mulheres brancas recebiam, em média, 76,4% da remuneração dos homens brancos. A discriminação era ainda maior quando comparada a média da remuneração das mulheres negras: em 2014, era 64,6% da recebida pelos homens brancos; e em 2018, 68,2%.

Era significativa, também, a dificuldade de ascensão da mulher na carreira. Como exemplo, o censo de 2014 mostrou que, na diretoria de um dos cinco maiores bancos a presença de mulheres na diretoria era de apenas 1,8%. “O que queremos saber é se toda esta triste realidade foi alterada”, afirmou Adriana.

Violência contra a mulher

O Comando reivindicou da Fenaban a inclusão de uma cláusula específica sobre violência contra a mulher que siga os compromissos já estabelecidos em mesa anterior à Campanha Nacional Unificada dos Bancários. Entre eles, a criação de um canal direto de denúncias, preservada a identidade e a privacidade da bancária vítima de violência, atendimento médico e psicológico, bem como o apoio financeiro necessário.

“Neste mês de agosto a Lei Maria da Penha que pune exemplarmente e coíbe casos de violência contra a mulher está completando 14 anos. É o mês do agosto lilás, para marcar a necessidade de combater as agressões de gênero, em casa e no trabalho. Mais um motivo para acelerarmos a inclusão desta cláusula na CCT”, disse.

Adriana lembrou que está mais do que na hora de debatermos com mais profundidade este problema social histórico e cultural grave. Acrescentou que o machismo fez com que crescessem os casos de agressão durante a pandemia do novo coronavírus. “A sociedade tem que voltar os olhos para este problema e buscar soluções para pôr fim a ele”, defendeu.

 

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