Terça, 04 Agosto 2020 17:45
CAMPANHA NACIONAL

Teletrabalho: mobilização é fundamental para garantir direitos e avançar nas negociações

Fenaban se comprometeu a continuar o debate e marcar uma nova reunião. Sindicatos defendem condições dignas de trabalho e de saúde para todos
Adriana Nalesso ressalta que somente com a mobilização da categoria, pressionando a Fenaban através de campanhas nas redes sociais, os bancos vão avançar nas negociações com os bancários . Adriana Nalesso ressalta que somente com a mobilização da categoria, pressionando a Fenaban através de campanhas nas redes sociais, os bancos vão avançar nas negociações com os bancários .

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) iniciaram nesta terça-feira, dia 4 de agosto, a primeira negociação para tratar dos direitos e das condições de trabalho e de saúde dos bancários que estão no sistema de teletrabalho. Os sindicalistas apresentaram os números da pesquisa nacional elaborada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que já havia sido divulgada na 22ª Conferência Nacional da categoria realizada nos dias 17 e 18 de julho de 2020.  

Os representantes das instituições financeiras argumentaram haver dificuldades em virtude “das diferenças de porte entre as instituições financeiras” e que é “um consenso de que os bancos preferem acordos individuais ou por empresa”, demonstrando que os patrões não estão dispostos a negociar as reivindicações relacionadas ao Home Office através da Convenção Coletiva de Trabalho.

O movimento sindical não aceita a individualização dos acordos.

Defesa da CCT

Após os sindicalistas apresentarem o resultado da pesquisa do Dieese, a Fenaban se comprometeu em voltar a debater os itens referentes ao teletrabalho, compreendendo a necessidade de discussão do tema no setor e a importância das negociações para reduzir a insegurança jurídica.

A presidenta do Sindicato do Rio Adriana Nalesso, que faz parte do Comando Nacional dos Bancários, defende a negociação sobre o tema e as garantias dos direitos da categoria na Convenção Coletiva.

“Nosso objetivo é garantir os direitos de todos os bancários e bancárias, inclusive de quem vai permanecer no trabalho remoto. O teletrabalho é uma realidade e a legislação trabalhista está muito aquém da real necessidade dos trabalhadores. Sendo assim, é fundamental o aprofundamento do tema com olhar direcionado para saúde e condições de trabalho, assim como o fornecimento de estrutura adequada para realização da atividade profissional”, disse.  

Apesar de haver variação nas opiniões dos funcionários banco a banco, a maioria da categoria disse preferir o regime híbrido, ou seja, parte em Home Office e parte presencial.

Os números da pesquisa

A pesquisa sobre o teletrabalho realizada pelo Dieese de 1º a 12 de julho e que foi apresentada aos bancos na negociação desta segunda (4) teve a participação de 11.133 bancários de todo país . A consulta revela dificuldades nas condições trabalho. Apenas 19,2% realiza o trabalho em sua residência, num escritório e a maioria (44, 8%) usa a sala para o trabalho em Home Office. Sobre avaliação das condições em relação ao fornecimento de equipamentos de ergonomia, 45% consideram ruins ou muito ruins, 32,5% disseram que não foi fornecido nenhum equipamento necessário para o exercício da atividade profissional e 50,8% receberam notebook ou computador, 16,4% cadeira e 11% celular entre outros itens.

Sobre canal de contato para dúvidas e até conserto de equipamentos 47,1% disseram ter conhecimento de como proceder nestes casos junto ao banco, 51,7% disseram que não existe ou não conhece formas de solucionar estes impasses.

Jornada aumentou

Sobre a jornada de trabalho 35,6% disseram que aumentou e 59% que ficou igual. Apenas 0,7% disseram que diminuiu. Dentre os entrevistados, 46,6%  responderam que não fazem horas extras, 15,6% responderam que fazem e estão sendo computadas no banco de horas e apenas 11% estão recebendo pelas horas a mais trabalhadas.

Metas mais difíceis

A pesquisa revelou também que o Home Office tem causado mais pressão para o cumprimento de metas elevando os índices dos sintomas de doenças ocupacionais, como dores musculares, fadiga e ansiedade por conta das horas trabalhadas, mobílias e equipamentos inadequados para o desenvolvimento do trabalho. Este item preocupa o movimento sindical, pois a pressão por metas eleva o número de trabalhadores adoecidos.

A pesquisa revelou também outros efeitos nocivos à saúde dos funcionários em trabalho remoto. Os maiores problemas identificados foram: medo de ser esquecido e não ter o seu esforço visualizado pela empresa, dificuldades de concentração, ansiedade e fadiga constante, dores musculares, costas, lombar e pescoço. Sobre isso a pesquisa perguntou o que poderia ser feito para melhorar as condições 68,1% responderam que o fornecimento de equipamentos, inclusive ergonômicos é muito importante.

Sobre os gastos na residência, luz mais de 60% respondeu que aumentou muito ou um pouco, internet mais de 30% aumentou muito ou um pouco e supermercado mais de 70% responderam que aumentou muito ou um pouco.

Mulheres sobrecarregadas

A pesquisa confirmou ainda que as mulheres têm um aumento de sobrecarga de trabalho, principalmente as mães e em função da dupla jornada, encontram mais dificuldades em conciliar o trabalho com as tarefas familiares pois há uma dificuldade de delimitação entre o que é vida privada e trabalho.

“Essa é a realidade do Brasil, ainda temos muito a avançar no que se refere a igualdade entre homens e mulheres. É fato que a maioria das tarefas em casa é desempenhada pelas mulheres. A pesquisa é muito rica e importante para nós, através dela conseguimos estabelecer as prioridades dos bancários que permanecerem trabalhando em casa, como fornecimento de equipamentos e estrutura adequadas, jornada de trabalho, a preocupação com a carreira e oportunidades e condições dignas de trabalho”, acrescenta Nalesso.

A próxima reunião do Comando Nacional com a Fenaban será nesta quinta-feira (6) para tratar das questões do emprego.  

“É fundamental que todos os bancários e bancárias participem da mobilização nas redes sociais para pressionarmos os bancos a avançarem nas negociações”, completa Adriana.

 

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