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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Ao contrário da ideia que os bancos tentam passar de que o teletralho seria “um privilégio” porque o trabalhador exerce sua atividade profissional em sua casa, a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e os sindicatos estão preocupados com este novo modo de atuação que veio para ficar nas empresas.
Os patrões fizeram da pandemia do novo coronavírus um grande laboratório para ampliar o trabalho remoto confirmando que esta é uma oportunidade para as empresas reduzirem custos com mão de obra e aumentar ainda mais os seus lucros. No entanto, o Home Office não pode servir de justificativa para os empregadores retirarem direitos e reduzirem salários, até porque o modelo de trabalho resulta numa série de novos problemas de saúde, podendo aumentar o cansaço, a fadiga, estresse e em muitos casos levar o trabalhador a um estado depressivo crônico.
“Por necessidade, em função da Covid-19, muitos funcionários tiveram que se adaptar ao Home Office, mas queremos garantir condições de trabalho dignas também para estes bancários, preservando direitos, como tíquetes alimentação e refeição, remuneração e a jornada de trabalho até porque não é simples delimitar nestes casos o que é vida privada e trabalho.
As consequências para a saúde destes trabalhadores podem ser desastrosas”, afirma o diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio, Gilberto Leal. O teletrabalho será o primeiro tema das rodadas de negociações dos bancários com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), nesta terça-feira, dia 4 de agosto.
Especialistas também estão preocupados com este novo cenário no mundo do trabalho, pois segundo eles tende a agravar a chamada “Síndrome de Burnout”, conhecida também como Síndrome do esgotamento social, doença que vem se expandindo cada vez mais em tempos de pandemia e isolamento.
Trabalho sem visibilidade
Outra dificuldade encontrada por quem está em Home Office é o fato de não ter seu esforço visto pela empresa. O empregado pode ter a sensação de não estar sendo valorizado. Quase sempre tem que resolver os impasses da rotina de trabalho sozinho e não tem alguém para ele recorrer em casos de dúvidas, além de sentir falta da interação e do convívio social com os colegas. Numa agência ou departamento há um funcionário que cuida da gestão, da distribuição de funções, terceirizados que tratam da tecnologia da informação, da limpeza do ambiente de trabalho e outro que é responsável pela segurança. Em casa, o trabalhador tem que se virar sozinho para resolver tudo, inclusive em relação ao custo com material, energia elétrica, água, impressora e internet. “A síndrome de Burnout será inserida na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Os bancos têm que garantir os direitos destes bancários e criar condições de trabalho que evitem o agravamento de mais doenças ocupacionais”, completa Gilberto.
Folga assiduidade
O Sindicato chama a atenção da categoria bancária de que tem até o dia 31 de agosto para tirar a folga assiduidade de um dia a que todos, independentemente do cargo, têm direito a cada ano. A conquista está garantida na cláusula 24 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), assinada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Segundo a diretora do Sindicato Nanci Furtado, é importante que em cada agência seja organizado coletivamente um mapa com a distribuição da folga assiduidade entre todos. "Caso isto não tenha sido feito até agora, fale com o gestor e os colegas. A folga é um direito, inclusive de quem está trabalhando em Home Office", disse Nanci.
Pesquisa do Dieese sobre Teletrabalho na categoria
• 36% sofreram aumento da jornada
• 26% não receberam horas extras ou banco de horas
• 33% não têm nenhum controle sobre as horas trabalhadas
• 17% não têm ponto eletrônico. A jornada estaria relacionada às metas
• 19% dizem ter local adequado para trabalhar em casa
• 1/3 dizem que os bancos não ajudam na qualidade do Home Office