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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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A decisão do subprocurador-geral do Ministério Público no Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, de investigar a venda da carteira de crédito do Banco do Brasil de R$ 2,9 bilhões ao BTG-Pactual por cerca de 10% do seu valor, R$ 371 milhões teria levado o presidente do BB, Rubem Novaes, a pedir demissão do cargo em 24 de junho. A afirmação é do deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), para quem houve favorecimento do BTG-Pactual na transação que ocorreu na gestão Novaes.
“Estão todos ligados nesta maracutaia. Não houve licitação, o ministro Paulo Guedes é fundador do BTG-Pactual, banco do qual se afastou taticamente, mas continua comandando seus negócios de dentro do governo. O Ministério Público do TCU está investigando a transação e deverá comprovar que houve favorecimento, o que levou o ex-presidente do BB e amigo de longa data de Guedes a pedir demissão”, afirmou o parlamentar. A investigação foi requerida pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB). Essa foi uma das últimas transações da administração Novaes.
Na representação encaminhada no último dia 28 ao TCU, Lucas Rocha disse ser necessário averiguar se a transação não acarretou prejuízos ao BB e se não “atentou contra os princípios da finalidade e moralidade pública”, já que o BTG Pactual foi fundado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Rocha citou pedido de demissão
O subprocurador frisou que o BB não detalhou se o preço cobrado foi justo nem citou qual teria sido o lucro do BTG na operação. Afirmou também não ter ficado claro o motivo do BTG ter maior capacidade de cobrar as dívidas. Segundo ele, no mesmo período, o BB fez operações no sentido contrário. Adquiriu outras carteiras, como uma, no calor de R$ 240,5 milhões, comprada ao Banco BV. Furtado também mencionou o fato de o presidente do BB, Rubem Novaes, ter pedido demissão. Cópias da representação foram enviadas à Câmara dos Deputados e ao Senado.
Por iniciativa do deputado federal Glauber Braga, a bancada do PSOL protocolou requerimento pedindo esclarecimentos sobre a cessão da carteira de crédito. Além do requerimento de informações, a bancada também protocolou um convite de comparecimento do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, para responder sobre o assunto à Câmara dos Deputados. Em vez de comparecer, Novaes preferiu pedir demissão.
Operação suspeita
Segundo João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), a operação foi feita sem transparência e levanta suspeitas. “A venda é bastante suspeita ao beneficiar, pela primeira vez, um banco fora do conglomerado e que justamente foi criado pelo ministro bolsonarista. Como saber se o BB não está sendo usado para interesses escusos do Paulo Guedes?”, questionou.
Para o ex-economista do Dieese, Adhemar Mineiro, faltou transparência para que se saiba se houve ou não favorecimento. Mas avaliou que se um banco privado se interessou em fazer o negócio é sinal de que se alguém perde alguma coisa é o Banco do Brasil. “A falta de transparência é um dos elementos mais complicados para a ética desta operação. Operação que envolve o BTG-Pactual, antiga Pactual Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, que teve como sócio-fundador o ministro da Economia Paulo Guedes a quem o presidente do BB é subordinado. Por isto é muito difícil falar em uma operação com ética com toda esta situação”, avaliou.