Segunda, 06 Julho 2020 22:52

Bancos privados: defesa do emprego e dos direitos frente às mudanças no mundo do trabalho

Bancários aprovam resoluções que serão levadas para a Conferência Nacional. Santander é citado como mau exemplo de demissões em massa

A 22ª Conferência Interestadual RJ/ES, realizada de forma virtual, realizada no sábado, dia 4 de julho e que contou com a participação de cerca de 423 inscritos, debateu a atual situação política e econômica do país e suas consequências sobre a categoria bancária e os demais trabalhadores. Os debates foram mediados pela presidente do Sindicato do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso.

Os sindicalistas destacaram o momento adverso de ataques do Governo Bolsonaro aos direitos trabalhistas e a gravidade da ausência absoluta de uma política coordenada no combate ao novo coronavírus, o que aprofunda ainda mais as crises sanitária e econômica. Os participantes do encontro defenderam a unidade e a mobilização da classe trabalhadora como única alternativa para o enfrentamento da atual conjuntura e para a superação de um momento de tanta dificuldade para o povo brasileiro, sem precedentes na história.

Novos desafios

“Temos o desafio de reinventar o movimento de organização dos trabalhadores diante das novas formas do mundo do trabalho e da comunicação. Estamos vivendo muitas incertezas, como em relação ao Home Office e o Teletrabalho, mas saio desta conferência, certo de que vamos continuar resistindo mesmo com o distanciamento social e isto nos deixa muito esperançosos”, disse o diretor de Organização e Política Sindical da CUT-RJ, Carlos de Souza.

Demissões preocupa

Uma das prioridades da campanha da categoria no setor privado apontada pelos participantes do encontro é a questão das demissões em massa nos bancos privados e o caso mais preocupante é o do grupo espanhol Santander, que já demitiu 433 funcionários em todo o país, somente no mês de junho, uma média de 20 trabalhadores dispensados por dia. O corte virou matéria no jornal Folha de S.Paulo, que aponta o grupo espanhol como o único que tem feito dispensas em massa entre os grandes bancos do sistema financeiro nacional.

Regulamentação

A presidente do Sindicato do Rio Adriana Nalesso questionou "a quem interessa as novas tecnologias", numa alusão à intenção de empresas e bancos de ampliarem o Home Office e o Teletrabalho para retirar direitos e reduzirem a remuneração dos trabalhadores a fim de reduzir custos e elevar ainda mais os lucros. No Brasil, bancos e empresas já sinalizaram que o trabalho remoto veio para ficar e se aproveitam da pandemia para fazer uma grande experimentação destas mudanças no mundo do trabalho.

Unidade e participação

Adriana defendeu como saída para a crise econômica e o retrocesso político a unidade da categoria e dos movimentos sociais para enfrentar os ataques às conquistas trabalhistas promovidos pelo governo federal e pelos patrões. Destacou ainda a importância da cobrança dos compromissos de protocolos de prevenção à Covid-19 para a proteção da vida e convocou a categoria a participar da Campanha Nacional.

"Será fundamental que bancários e bancárias participem das atividades de mobilização através das redes sociais e recebam informações no site do Sindicato e da Contraf-CUT. A mesa única de negociação também será essencial para avançarmos nesta Campanha", conclui Adriana. No encontro foi eleita a delegação e aprovada as deliberações para a 22ª Conferência Nacional dos Bancários (dias 18 e 19 de julho), que também será realizada por meio virtual para evitar aglomerações em função da pandemia.

O Presidente da Fetraf/RJ-ES (Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) Nilton Damião, o Niltinho, disse que é preciso defender a unidade dos bancários e bancárias “não apenas no discurso, mas na prática e no coração”, em função de uma das mais duras conjunturas da história enfrentada pelos trabalhadores brasileiros.

Bancos públicos

Em relação aos bancos públicos, além das demandas específicas dos funcionários debatidas nos encontros estaduais da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, os sindicalistas destacaram como uma bandeira de luta prioritária “o combate contra o projeto de privatizações e a defesa das empresas e bancos públicos”.

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