Sexta, 19 Junho 2020 17:07
COVID-19

Brasil tem mais de um milhão de casos e se aproxima de colapso sanitário e econômico

Sem ministro da Saúde e nenhuma ação nacional coordenada, país chega a quase 50 mil mortes e derruba também a expectativa de retomada econômica
Ao não testar em massa, não conseguir um isolamento social eficiente e subnotificar os casos de contágios do Covid-19 o governo brasileiro agrava a crise sanitária e econômica do país Ao não testar em massa, não conseguir um isolamento social eficiente e subnotificar os casos de contágios do Covid-19 o governo brasileiro agrava a crise sanitária e econômica do país

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

De uma tacada só, o Governo Bolsonaro consegue levar o Brasil a duas tragédias anunciadas: a sanitária, que mata milhares de brasileiros e a econômica, que dissipa qualquer expectativa de retomada do desenvolvimento do país. Com mais de um milhão de casos confirmados de Covid-19 e sem nenhuma medida concreta para conter o avanço da pandemia, a completa desarticulação do governo federal leva o país a caminhar a passos largos para ser o epicentro do vírus no mundo. O drama se agravou com a decisão do Presidente da República de forçar a saída de dois médicos a frente do Ministério da Saúde, colocando na função “provisória” um general paraquedista que não sabe nada do ofício. Resultado: já são mais de 48 mil mortes.

Não há sequer uma tentativa ou ensaio de coordenação nacional com governos estaduais e municipais, apesar do esforço de governantes regionais para salvar vidas e a economia já colapsada.

Sem solução, a saída encontrada pelo governo foi “colocar a sujeira para debaixo do tapete”. Só que neste caso, não são números, mas vidas em risco e ceifadas. Bolsonaro tenta esconder os dados da Covid-19 agravando o drama de números já subnotificados em função da quantidade insignificante de testes, em mais um crime de responsabilidade cometido diante de toda a sociedade, sem falar em sua campanha diária e até deboche em relação ao necessário isolamento social. Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), avalia que o país está, “na melhor das hipóteses, está testando 20 vezes menos do que o mínimo necessário”.  

Economia colapsada

A outra tragédia, a econômica, já vinha acontecendo antes mesmo da pandemia. O crescimento econômico em 2019 foi o pior dos últimos três anos, desempenho ainda mais pífio do que o do governo Temer. Com a pandemia e o governo não realizando testagem em massa e ainda incentivando as pessoas a saírem do isolamento social, a calamidade pública, além do genocídio que poderia ser absolutamente evitado, vai gerar uma depressão econômica sem precedentes. Desmoralizado internacionalmente e brigando com o maior comprador dos produtos brasileiros, a China, o Brasil corre o risco de ver a maior parte das economias desenvolvidas e emergentes retomando aos poucos as atividades econômicas. Que o diga a Argentina. E internamente, um Brasil paralisado, com o consórcio de governos estaduais e municipais junto à imprensa tentando contar os números subnotificados de mortos e contagiados crescendo sem controle.

Ajuda só para bancos

Em vez de investir no socorro aos trabalhadores, à pequenas e médias empresas e indústrias, o Ministro da Economia Paulo Guedes garantiu R$1,2 trilhão aos bancos, a compra de títulos podres das instituições financeiras e reduziu o imposto sobre os lucros do setor que mais acumulou lucros nos últimos 40 anos. No ápice do crescimento da pandemia no país, o governo brasileiro aprovou seguidas reformas (como a da Previdência) e Medidas Provisórias que permitem a interrupção dos contratos de trabalhos, redução de jornada e até suspensão do pagamento de salários. Guedes realiza o sonho da burguesia nacional de visão estreita e escravocrata e afunda de vez o já cambaleante capitalismo brasileiro.

A única saída

Aos brasileiros resta torcer. Nos casos dos tementes a Deus, orar, para que algum cientista do mundo descubra o quanto antes, a vacina ou remédio para cura do Covid-19, o que dificilmente ocorrerá ainda este ano. Mas é urgente também reagir, junto a toda a sociedade, contra os crimes de responsabilidade e a inexplicável postura genocida do Presidente Bolsonaro. O Brasil não aguenta esperar até 2022. 

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