Quinta, 18 Junho 2020 07:50

Prisão de Queiroz fecha cerco das investigações contra supostos crimes de Flávio Bolsonaro

Ex-assessor do senador que é um dos cinco filhos do presidente Jair Bolsonaro, foi preso nesta quinta-feira (18), em Atibaia, interior de São Paulo
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro preso nesta quinta-feira (18), num almoço com Jair e Flávio Bolsonaro. Ele é considerado como o possível elo do clã com as milícias do Rio de Janeiro Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro preso nesta quinta-feira (18), num almoço com Jair e Flávio Bolsonaro. Ele é considerado como o possível elo do clã com as milícias do Rio de Janeiro

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Demorou, mas aconteceu. O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz ( (PSL-RJ), foi preso na manhã desta quinta-feira, dia 18 de junho, em Atibaia, interior de São Paulo. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro e fazem parte do desdobramento das investigações sobre o suposto esquema de “rachadinha” na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) que levou a prisão de diversos parlamentares.

Movimentações atípicas

Queiroz, que movimentou R$1,2 milhão em sua conta em uma movimentação considerada atípica pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), órgão extinto pelo Governo Federal, foi preso quando estava num imóvel do advogado de Flávio e do pai, Jair Bolsonaro.

O Coaf identificou na época também que Flávio Bolsonaro teria feito um pagamento de mais de R$1 milhão e que as operações eram feitas através de depósitos e saques, nos caixas de autoatendimento da própria Alerj. De junho a julho de 2017 foram 48 depósitos de R$2 mil cada, em espécie, do então deputado estadual, agora senador. O crime de “rachadinha” levou a prisão de diversos parlamentares no Rio de Janeiro, mas no caso de Flávio, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, havia atendido pedido da defesa do parlamentar e suspendendo por duas vezes as investigações do Ministério Público Estadual-RJ.

Segundo o MP-RJ, o dinheiro da “rachadinha” praticado por Flávio Bolsonaro teria sido usado para compra de imóveis irregulares da milícia na Zona oeste do Rio.  

As investigações contra o ex-deputado estadual teriam sido o motivo do Presidente Jair Bolsonaro ter mudado a direção da Polícia Federal e da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, o que levou ao pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.

A prisão de Queiroz permite à Justiça chegar mais perto dos supostos crimes de “rachadinha” de Flávio Bolsonaro e é mais um caso de investigação juidical que atinge diretamente o clã dos Bolsonaros, investigados também no inquérito das fake news, que segue sendo apurado por decisão do STF.

Queiroz, milícias e morte de Marielle

Queiroz é apontado também como o principal elo de ligação da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro e é acusado de utilizar empresas do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, apontado como chefe de uma das maiores milícias do Rio, para lavar parte dos recursos obtidos com a suposta “rachadinha”. O miliciano, executado pelo Bope da Bahia no dia 9 de fevereiro de 2020, num crime que para muitos soa como “queima de arquivo”, era suspeito também de ter participado do assassinato da vereadora do Rio, Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, caso que, estranhamente não chegou aos culpados após mais de um ano de investigações.

 

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