Segunda, 25 Mai 2020 20:22

Brasil desgovernado

O presidente Jair Bolsonaro insiste em desprezar a crise e as mortes causadas pelo novo coronavírus e pressionado por banqueiros e grandes empresários quer o retorno à “normalidade” O presidente Jair Bolsonaro insiste em desprezar a crise e as mortes causadas pelo novo coronavírus e pressionado por banqueiros e grandes empresários quer o retorno à “normalidade”

O Brasil é o país que menos faz testes na população para confirmação do Covid-19 e já é o segundo no mundo no triste ranking de infectados, perdendo apenas para os EUA. O Presidente Jair Bolsonaro mudou dois ministros da Saúde em trinta dias, na crescente crise da pandemia e deixou na pasta um general paraquedista que não sabe nada sobre a área e se nega a dar entrevista coletiva. No combate ao novo coronavírus, o país está à deriva.

De forma irresponsável, Bolsonaro fez merchandising do Requinol, remédio à base da hidroxicloroquina, indicado para reumatismo e problemas de pele, usado também no combate à malária, mas cuja a comprovação de eficiência para o coronavírus não foi confirmada por médicos e entidades de saúde.
Além de mandar elevar a produção do medicamento, o governo brasileiro, sem a assinatura de nenhum médico, mudou o protocolo, permitindo o uso precoce da cloroquina e da hidroxicloroquina, mesmo sob os protestos das entidades médicas.

O Presidente da República parece debochar e faz piada da crise: abraça militantes que se aglomeram, inclusive crianças, dando um mau exemplo que pode estar levando milhões de pessoas a acreditar que podem fazer o mesmo.

A agenda do manicômio

O tema coronavírus não foi citado uma vez sequer na patética reunião “ministerial” do dia 22 de abril. O país ficou indignado e a opinião pública internacional perplexa. Foi um show de palavrões, baixarias, grosserias, bajulações toscas e ataques às instituições democráticas.
Não faltaram também fortes evidências de que Bolsonaro quis mudar a direção da Polícia Federal e especialmente a superintendência no Rio de Janeiro para barrar as investigações contra os filhos e, consequentemente, ele próprio. O Jornal O Globo divulgou na segunda-feira (25) que a equipe da Procuradoria Geral da República (PGR) vê crime de Bolsonaro na troca da Polícia Federal.

A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves defendeu a prisão de governadores e prefeitos. O ministro da Educação, Abraham Weintraub disse que, por ele, colocava os ministros do STF na cadeia, a quem chamou de “vagabundos”. Paulo Guedes confessou que quer vender o que chamou de essa “porra” do Banco do Brasil reafirmando seu desprezo pelas instituições públicas.

“O presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Duarte Guimarães disse que trabalhar em home Office durante a pandemia “é frescura” e declarou que tem medo de que ele e Bolsonaro possam ir para a cadeia. Ele referia-se ao caos no pagamento do auxílio emergencial, que deixou muita gente necessitada sem receber, enquanto, que parte do dinheiro foi parar na conta de mais de 72 mil militares, além de colocar os empregados da Caixa e a população em risco ante as aglomerações”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio Paulo Matileti.

Tragédia anunciada

A economia do país, que no ano de estrettttia do atual governo já tinha ido para o brejo antes da pandemia (2019 foi pior crescimento em três anos), caminha para a pior recessão da história ante a mais grave depressão econômica do capitalismo mundial. Para agravar a situação, Bolsonaro e filhos brigam com a China, o maior comprador dos produtos brasileiros. Paulo Guedes só tem na agenda a retirada de direitos dos trabalhadores, suspensão de contrato, redução de salários, além de promover o maior arrocho salarial e querer a privatização de tudo. Disse que “jogou a granada no bolso do inimigo” se vangloriando de poder deixar o funcionalismo público sem aumento salarial nos próximos dois anos.

O governo nada faz pela pequena e micro empresa e só prejudica os trabalhadores, na contramão do mundo. Mas tem sido ágil e eficiente quando o assunto é socorrer bancos, garantindo R$1,2 trilhão, comprando “títulos podres” através do Banco Central e reduzindo impostos sobre os lucros.

O Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles sugere que o governo aproveite a pandemia para fazer “passar a boiada”, no caso de sua pasta, demitindo fiscais e anistiando desmatadores, entregando a Amazônia para a grilagem, madeireiros e ruralistas.

A pandem'ia cresce rápido, o dólar dispara, o custo de vida nunca esteve tão alto e o desemprego começa a explodir. O presidente não preside e o governo não governa. O povo precisa reagir. O Brasil está desgovernado.

Mídia