Segunda, 27 Abril 2020 20:20

Covid-19 e as doenças do trabalho

Na avaliação do diretor do Sindicato Gilberto Leal, ao obrigar os funcionários a trabalharem, coronavírus precisa ser incluída como doença ocupacional
 DESCASO DOS BANCOS - Gilberto Leal (D) critica os bancos por colocarem a vida dos bancários em risco e por continuarem a cobrar metas dos funcionários em plena crise do coronavírus DESCASO DOS BANCOS - Gilberto Leal (D) critica os bancos por colocarem a vida dos bancários em risco e por continuarem a cobrar metas dos funcionários em plena crise do coronavírus

Nesta terça-feira, 28 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho. Nesta data, em 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 mineiros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
A categoria bancária é uma das mais atingidas pelas doenças ocupacionais, sejam de caráter físico ou psíquico, como as LER-Dorts, causadas pelos movimentos repetitivos além de síndrome do pânico, depressão e outras enfermidades causadas pela pressão psicológica imposta pelos bancos para atingir as metas abusivas. No momento em que a humanidade vive a pior pandemia global em cem anos, o diretor do Departamento de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Gilberto Leal, avalia que o coronavírus deve ser considerado uma doença do trabalho.
“A partir do momento em que funcionários são obrigados a trabalhar nas agências, os bancos precisam entender que neste caso os contágios passam a ser doenças ocupacionais, pois o empregador está ciente de que está colocando em risco a saúde e a vida dos trabalhadores e se os empregados permanecessem em isolamento social como orienta a Organização Mundial de Saúde, eles não teriam o perigo de ter adquirido o Covid-19”, explica Gilberto.

Sindicato defende a vida

O sindicalista lembra que o movimento sindical defende o fechamento das unidades bancárias, garantindo a abertura apenas em casos de extrema necessidade, como para o pagamento do auxílio emergencial.
“Já encaminhamos seguidas vezes à Fenaban esta reivindicação e conseguimos com o vereador Reimont, do PT, um Projeto de Lei que está em tramitação e que prevê o fechamento das agências bancárias. Os bancos insistem em colocar em primeiro lugar os lucros. Já tivemos vidas ceifadas na categoria em função desta intransigência. A vida vale mais do que todos os bilhões acumulados pelo sistema financeiro”, destaca. Gilberto criticou ainda a manutenção das metas.
“Não é possível que nem mesmo em uma calamidade como esta e a crsie econômica que o mundo vive, os bancos não suspendem a cobrança de metas, que é uma prática responsável por um grande número de trabalhadores adoecidos. Que o Dia Mundial em memória daqueles que morreram trabalhando possa servir de reflexão para os bancos atenderem às nossas reivindicações”, conclui.

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