Segunda, 13 Abril 2020 23:29

Bancos garantem equipamento de proteção. Bancários apresentam novas reivindicações

Há mais de um mês estamos em luta intensa para que bancos adotem medidas mais rígidas de proteção para bancários/as e clientes diante da pandemia do coronavírus. Nossos alertas para os riscos ganharam contornos trágicos de realidade com a morte de dois bancários em apenas 10 dias no Rio de Janeiro. Somente com muita pressão, obtivemos nesta segunda-feira, 13/04, o compromisso de que os cinco maiores bancos do país estão atendendo à reivindicação que apresentamos e compraram equipamento de proteção para todos/as os bancários e bancárias: álcool gel e luvas, além de barreiras ou capacetes de acrílico que resguardem os/as trabalhadores/as.

Nossa atuação nas negociações também possibilitou que os bancos colocassem em home office 250 mil bancários/as em todo o país.
Temos insistido na negociação porque acreditamos que esse é o caminho possível na crise da pandemia e com a decretação do serviço bancário como essencial. Diante do grave quadro atual, temos buscado analisar medidas possíveis para resguardar a vida de bancários/as e clientes, avaliando a dinâmica dos fatos. Por isso, apresentamos na mesa desta segunda-feira novas reivindicações: que os bancos contratem empresas para organizar as filas externas, com triagem prévia para entrada nas agências, e a inclusão no grupo de vulneráveis, com direito a afastamento imediato, as bancárias lactantes ou com filhos com até dois anos. Duas medidas que serão avaliadas pela Fenaban nos próximos dias.
Também insistimos na cobrança da adoção do protocolo de segurança em relação a casos suspeitos: o afastamento de todos os funcionários que tiveram contato com a pessoa em tratamento e a descontaminação dos locais de trabalho.

Ao mesmo tempo, buscamos preservar os direitos duramente conquistados e agora em risco, especialmente diante das medidas adotadas pelo governo Bolsonaro. Consideramos como fundamental a não adoção da Medida Provisória nº 927 pelos bancos. Exigimos que os bancos valorizem a negociação coletiva: não adotem medidas como o contrato individual, que exclui a negociação via entidades representativas, que não imponham a antecipação de férias e de banco de horas negativo, como possibilita a MP.

Não é difícil imaginar como nossa categoria está sofrendo ao ter que enfrentar suas preocupações, entre elas, o temor de contaminação, diante do descaso ao qual estamos assistindo. Levamos esse quadro para a mesa de negociação e nossa indignação ao identificar que alguns gestores continuam cobrando metas, exigindo resultados de vendas de produtos. Diante da economia estagnada, do país parado, não é admissível que os bancos insistam em preservar lucros e resultados. Entendemos que garantir atendimento aos que não possuem conta corrente ou acesso aos canais virtuais é necessário, temos um papel social a cumprir. Mas colocar as nossas vidas em risco dessa forma e ainda cobrar metas não é algo que se possa admitir.

Nesse momento, o que precisamos é de união para enfrentar o pior. Precisamos que recursos sejam aplicados na implementação de estratégia unificada para a preservação da vida. Precisamos de sensibilidade. Esperamos que a responsabilidade com a vida seja, de fato, prioridade e que tenhamos mais agilidade e efetividade nas ações. Nesse sentido, reafirmamos a necessidade do atendimento por agendamento. Antes que seja tarde.

Adriana Nalesso
Presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

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