Quinta, 26 Março 2020 23:20
NA CONTRAMÃO DO MUNDO

Bolsonaro vai permitir corte dos salários pela metade mas libera R$1,2 trilhão para os bancos

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, informou que a ajuda visa permitir que os bancos privados “consigam possuir mais dinheiro em caixa”.

O governo Bolsonaro já anunciou que vai publicar uma nova Medida Provisória autorizando as empresas a suspenderem os contratos de trabalho, reduzindo a jornada e os salários pela metade. É a fórmula que o Palácio do Planalto escolheu para “combater” à crise global gerada pela pandemia do coronavírus. O recuo veio após uma onda de críticas. É que a primeira MP que ainda está valendo é ainda por: permite que os trabalhadores fiquem sem salários.  

Bolsa Banqueiro

Ao mesmo tempo em que joga os efeitos da crise sobre os ombros do trabalhador brasileiro, a política econômica do ministro da Economia Paulo Guedes não mede esforços para dar uma mãozinha ao setor mais lucrativo do país: os bancos. O governo vai liberar, através do Banco Central, a bagatela de R$1,2 trilhão para as instituições financeiras. A benesse não vem acompanhada de nenhum compromisso com crédito para trabalhadores ou pequenas e micro empresas. Mas se os banqueiros resolverem emprestar uma parte ínfima desta fábula de dinheiro para os setores mais importantes da economia, a produção e o trabalho, será com os juros do mercado nacional, ou seja, os maiores juros do planeta.

A raposa no galinheiro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi executivo dos bancos Bozano Simonsen e Santander, informou que o objetivo da generosa ajuda é para permitir que os bancos privados “consigam possuir mais dinheiro em caixa” e para “dar mais liquidez ao sistema financeiro”. 

O diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, Gilberto Leal criticou as ações e ficou indignado com as medidas que só vão aprofundar ainda mais a crise.

“Inacreditável, o Bolsonaro enche de dinheiro o setor que mais acumula recordes de lucros nos últimos 40 anos. Enquanto no mundo inteiro os governos, inclusive de nossos vizinhos mais pobres, se desdobram para socorrer trabalhadores e pequenas empresas e para combater a proliferação do coronavírus a fim de salvar vidas e proteger a economia, no Brasil o governo torra uma fortuna do dinheiro pago pelos contribuintes para proteger o baronato do cartel dos bancos. É estarrecedor”, afirma.

Para os pobres R$200

Em 2019, só as quatro maiores instituições financeiras (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) faturaram R$81,5 bilhões, um crescimento de 18% em relação a 2018, tudo em plena recessão que gerou o menor PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos três anos (1,1%) abaixo dos resultados ainda pífios do governo Temer e antes da pandemia do Covid-19.

Enquanto gasta trilhões com as instituições financeiras e o setor especulativo, para as pessoas de baixa renda e de situação vulnerável o governo queria oferecer somente R$200 por mês durante o período de calamidade.

O Congresso Nacional, sempre criticado pelo Presidente da República rejeitou a migalha proposta pelo governo e aprovou nesta quinta-feira, 26, o valor de R$600, que não é o suficiente, mas representa três vezes mais do que o proposto por Bolsonaro. Os partidos de esquerda, como PT, PDT, PSB PSOL e PCdoB defendiam R$1.050, mas o valor foi rejeitado pelas demais agremiações partidárias.   

 

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