Terça, 18 Fevereiro 2020 18:36
PETROLEIROS NA LUTA

Bancários participam de manifestação em solidariedade à greve dos petroleiros

Greve continua forte apesar de ministro do TST ter julgado ilegal o movimento dos trabalhadores da Petrobras
Greve dos petroleiros é a maior da categoria desde o movimento histórico de 1995 Greve dos petroleiros é a maior da categoria desde o movimento histórico de 1995 Nicolas Pamplona/FolhaPress

Um ato dos empregados da Petrobras, paralisou, na tarde desta terça-feira (18/2), toda a Avenida República do Chile, no Centro do Rio de Janeiro, mostrando a força da greve da categoria que completou 18 dias. O protesto, chamado de Marcha Nacional em Defesa do Emprego, da Petrobras e do Brasil, em frente ao Edifício Sede da empresa (Edise) contou com a participação de petroleiros de refinarias, plataformas e unidades administrativas de todo o país, além de parlamentares e representantes de diversas empresas públicas, entre elas Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Dataprev, Serpro, Casa da Moeda, Eletrobras, Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e de setores importantes do serviço público, como saúde, previdência e educação, além de estudantes, movimento dos trabalhadores sem-terra, dos trabalhadores sem teto, do movimento dos atingidos por barragens e das centrais sindicais, CUT, CTB, Intersindical e CSP- Conlutas.

O vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio Paulo Matileti destacou a importância da união das categorias de trabalhadores diante dos ataques do governo aos direitos sociais e ao emprego e para enfrentar o risco de privatização do patrimônio público. 

"Nós bancários estamos aqui em solidariedade a esta greve legítima dos petroleiros. O governo quer extinguir a produção nacional de fertilizantes nitrogenados para favorecer as importações destes produtos vindos dos EUA e para atender a sanha do capital estrangeiro, demitindo trabalhadores no Paraná e comprometendo a produção nacional. Precisamos fortalecer cada vez mais a unidade na defesa de nossos recursos naturais, das empresas e bancos públicos e da soberania de nosso país", afirma Matileti, que criticou ainda a decisão do TST contra o direito de greve, garantido pela Constituição Federal. Apesar desta decisão desfavorável na Justiça, a greve nacional dos petroleiros obteve nesta terça-feira (18) a sua primeira vitória judicial. O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) decidiu pela suspensão de mais demissões feitas pela Petrobras na Fábrica de Fertilizantes do Estado (Fafen-PR). A revogação de todas as dispensas é uma das principais reivindicações da categoria. Mas o movimento é também uma resposta dos trabalhadores ao projeto do ministro da Economia Paulo Guedes de privatizar a maior estatal brasileira. 

Maior greve desde 1995

A greve é a maior da categoria desde 1995. A empresa pública vem sendo atacada pelo governo Bolsonaro, com o sucateamento das unidades, déficit de funcionários e pela venda fatiada. A gigante BR-Distribuidora já foi entregue ao setor privado. O fechamento da Fafen e as demissões fazem parte do desmonte que tem como objetivo enxugar custos para facilitar a venda.

O diretor da Federação Única dos Petroleiros, Simão Zanaide também criticou a contradição do TST na decisão contra  a greve. O ministro Yves Gandra Martins julgou ilegal o movimento grevista na última segunda-feira, alegando ser político por ser contra o fechamento da fábrica de fertilizantes e as demissões dos empregados. 

"No TST foi assinado entre a FUP, sindicatos e a Petrobras um acordo em que a empresa se compromete a não demitir em massa. Agora que a diretoria da Petrobras descumpre o acordo, o TST julga a greve ilegal. O que está em jogo é a lisura do TST", denunciou o dirigente. Simão lembrou que com o fechamento da Fafen, o Brasil deixará de fabricar os insumos utilizados na fabricação de fertilizantes, uma ameaça à agricultura nacional. “Hoje eles fecham e demitem no Paraná. Se não reagirmos, amanhã vão querer demitir em toda a Petrobras para depois entrega-la às multinacionais”, alertou. Ironizou os que dizem que tudo no Brasil acontece somente após o Carnaval. “Este ano, para o desespero de Bolsonaro, será um ano em que as greves começam antes do Carnaval”, frisou.

 18 de março: greves nacionais

O diretor da Contraf-CUT, Marcello Azevedo, condenou Yves Gandra por julgar a greve ilegal. “Gandra é eleitor de Jair Bolsonaro, fez campanha, ajudou a formular as propostas de reforma da Previdência e de uma nova reforma trabalhista e do Judiciário. Logo, tinha que se considerar impedido eticamente de tomar uma decisão que envolve diretamente o governo. Mas seria esperar muito ele tomar uma decisão destas”, afirmou o dirigente bancário, lembrando que a greve é legal justa. “A Constituição Federal garante o direito de greve. Os petroleiros estão lutando pelo cumprimento do acordo coletivo e, ao mesmo tempo, contra as demissões e o desmonte da Petrobras, caminho que deve ser seguido por todos os trabalhadores de empresas públicas”, afirmou.

Milton Martins, da Comissão de Empregados da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), disse que o processo de desmonte para posterior privatização é o mesmo para todas as estatais e que a resposta tem que ser a unificação contra este projeto entreguista. “O próximo passo é a participação de todos nos protestos nacionais do dia 8 de março, Dia da Mulher, e nas greves e protestos em todo o país no dia 18 de março. Será um Dia Nacional em Defesa do Serviço Público, das Estatais e Contra a Privatização. Os trabalhadores da área da Educação federal, do estados e municípios já decidiram entrar em greve neste dia”, afirmou.

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