Quinta, 13 Fevereiro 2020 20:23
DOAÇÕES IMPOSTAS

Ação de sindicatos na Justiça faz Santander recuar da coação de funcionários em campanha

Inconformado com o fato de ter que suspender a prática de constrangimento, grupo espanhol divulga nota atacando entidades sindicais

Inconformada com ações judiciais de Sindicatos contra o constrangimento feito pelo banco Santander para que seus funcionários façam doações beneficentes do programa “Sonhos que Transformam”, a direção do grupo espanhol no Brasil decidiu atacar as entidades sindicais divulgando um documento sobre o assunto. A pressão dos sindicatos fez o banco recuar da campanha feita na base da coação. Pelo programa, os funcionários escolhiam as entidades para as quais irão suas doações, mas o banco estabelecia o valor - 1% da remuneração variável, incluindo o programa de Participação dos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores, que seria creditada em fevereiro de 2020.

Como era a coação

Além da forma constrangedora para o bancário participar da campanha, quem não quisesse doar precisava entrar no site disponibilizado pelo banco e marcar a opção “não”. Muitos empregados reclamaram que encontravam dificuldade para concluir o procedimento digital a fim de não participar da campanha.

Ao clicar em “Não” o sistema solicita o CPF e a senha do Internet Banking, ainda assim a um retorno para confirmar a sua negativa. O bancário tem que informar ainda se já participa de outros programas de doação.

“Não somos contra uma campanha de doação, inclusive o Sindicato faz doações a entidades de caráter social, mas a questão é a forma com que o banco procedeu. Uma doação tem de partir da vontade e iniciativa da pessoa. O Santander constrangeu os bancários ao obrigar a quem não quer doar ter de entrar num sistema da empresa para dizer que não deseja participar da campanha”, explica o diretor do Sindicato Marcos Vicente.

Altos executivos doariam menos

Já os altos executivos, que ganham muito mais, doariam menos de 1% de sua remuneração variável em ações da empresa. Ou seja, o banco coage funcionários a pagar 1% de seus ganhos variáveis, mas o próprio presidente da instituição não faria isto, doando um percentual menor. É que desde 2010, a resolução 3921 do Bacen permite que, ao menos 50% da remuneração variável dos altos executivos do banco sejam pagas em ações e no mínimo 40% de bônus diferidos para pagamentos futuros.

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