Segunda, 16 Dezembro 2019 20:19
Sindicato para quê?

O que nos ensina a vitória contra o trabalho aos sábados e em defesa da jornada

Há aproximadamente quatro anos, os sindicatos vêm sendo alvo de vários ataques, que se intensificaram com a aprovação da reforma Trabalhista e o fim da contribuição sindical, que para muitas entidades era fundamental para a sobrevivência. Os ataques vêm de todas as partes: governo, patrões e, por incrível que pareça, até de trabalhadores. E é sobre isso que quero refletir aproveitando essa época do ano, de finalização de mais um período. Nas redes sociais, a principal arena para críticas, especialmente as agressivas, vi bancárias e bancários atacando o Sindicato, mas também encontrei defesa da atuação do Bancários Rio. Os que atacam dizem: “Sindicato pra quê? ”; “O Sindicato vai acabar mesmo”; “Vou me desfiliar”; “Pago uma grana pro Sindicato ficar usando nosso dinheiro pra política”. E por aí seguem as críticas.
Os que defendem, argumentam: “Nosso Sindicato é forte”; “Se está ruim com o Sindicato, pior sem ele”; “Se temos tantos ‘benefícios’ “é por causa do Sindicato”; “Gente, quando precisei do Sindicato, fui muito bem atendida e consegui recuperar meu emprego”; entre outros comentários de apoio à nossa entidade.
Confesso que os comentários negativos incomodam bastante. Imagino que muitos devem desconhecer a luta e as conquistas que tivemos e que, possivelmente, não compreendam que o fim do sindicato representa na verdade, perda de direitos e mais precarização e exploração.
Por isso, compartilho com vocês nossos desafios para 2020. Vamos continuar a enfrentar as dificuldades financeiras adotando medidas para redução de despesas fazendo uma reforma no sindicato, nos adequando à realidade que estamos vivendo. Assim como fazemos nas nossas casas, quando a grana está curta, é preciso adotar medidas duras e difíceis.
Outro grande desafio é manter os nossos diretos conquistados ao longo de 90 anos de história. O acordo de 2018 foi o primeiro após a reforma Trabalhista. Enfrentamos negociações extenuantes que se estenderam por mais de dez horas, ataques do governo, ameaça do fim da mesa única entre bancos públicos e privados, debates duros em que foi preciso superar o cansaço e o stress. Enfim, saímos orgulhosos, mesmo tendo que fazer alguns ajustes, esse acordo entra para a história do sindicato porque conseguimos manter direitos acima da lei aprovada no governo Temer.
Agora, quando aparentemente tudo estava mais ou menos tranquilo, fomos surpreendidos pela MP 905 e, mais uma vez, somos atacados em nossos direitos. Nossa jornada, PLR, trabalho em finais de semana estavam novamente sob ameaça. Pois bem, de forma organizada, fomos à luta, não abaixamos a cabeça diante dos ataques. Foram três difíceis negociações e conseguimos manter a jornada, a PLR e impedir trabalho aos sábados. Desafio superado.
É importante termos a consciência que ainda não acabou, agora precisamos derrubar essa Medida Provisória do governo tão nociva para nós, assim como, para o conjunto de trabalhadores. Para isso, é fundamental ação política e pressão junto aos deputados e senadores para rejeitarem a MP, caso contrário continuaremos sob ameaça.
Mais do que nunca no próximo ano a luta não deve ser somente corporativa, precisamos estar sempre enfrentando a disputa nas ruas, nos locais de trabalho e no parlamento. A nossa vida é impactada negativamente ou positivamente pelas políticas adotadas pelo governo, tudo está interligado.
Termino agradecendo o apoio e a confiança das bancárias e dos bancários que acreditam em nós e nos ajudam mantendo sua filiação e, de alguma forma, lutando junto. Torço e desejo que 2020 também nos traga mais amor, solidariedade, igualdade e justiça.

Adriana Nalesso
Presidenta Sindicato dos Bancários do Rio

 

Mídia