Terça, 26 Novembro 2019 21:01

Mulher negra tem que trabalhar o dobro do tempo para obter salário de homem branco

Levantamento do Dieese mostra que, em São Paulo, enquanto trabalhadoras negras recebem R$ 10,82 por hora, homens brancos ganham R$ 21,84

O marcado de trabalho discrimina os negros, que recebem salários menores que trabalhadores brancos, mesmo com idêntico nível de escolaridade, demoram mais para conseguir emprego e têm de trabalhar mais para igualar a média salarial dos brancos.
Já as mulheres negras sofrem ainda mais com a discriminação racial no Brasil. Uma mulher negra, por exemplo, precisa trabalhar 55 minutos a mais para recolher o mesmo que um homem branco ganha em uma hora. Já para os homens negros, o número é de 45 minutos a mais de trabalho. Os números são resultado de um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos).
“Os números mostram que as mulheres negras são as mais afetadas entre todos os trabalhadores com a desigualdade social, a discriminação racial no mercado de trabalho e a recessão econômica”, afirma a secretária de Políticas Sociais do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.
Mais trabalho, menos remuneração
A população negra no Brasil ainda sofre com condições desiguais no mercado de trabalho. Além do nível de desocupação maior, aqueles que conseguem uma vaga de emprego trabalham mais e recebem menos. A distância entre brancos e negros passa também pela escolaridade e por postos de trabalhos ocupados.
“Os dados comprovam um sentimento posto na sociedade. Existe uma desigualdade enorme no mercado de trabalho e no recorte de etnia e gêneros se aprofunda ainda mais”, explica a economista Patrícia Pelatieri, coordenadora de pesquisas do Dieese.
Desigualdade nas regiões
O rendimento médio por hora trabalhada também apresenta desigualdade de gênero e etnia no país, conforme explica a economista. Enquanto a média dos negros é de R$ 11 para homens e R$ 10, para mulheres, para as pessoas brancas é R$ 19 para homens e R$ 17, para mulheres.
“Em todos os estados, os negros recebem, em média, 30% menos que os não negros”, acrescenta a técnica do Dieese.
No Brasil, apesar da população negra ser maioria, a desigualdade de oportunidade se repete nas cinco regiões. Em São Paulo, enquanto a mulher negra ganha R$ 10,82, por hora, o homem branco angaria R$ 21,84.

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