Sábado, 09 Novembro 2019 00:22

Congresso histórico da CUT-RJ é realizado em clima de soltura de Lula

O 16º CECUT debateu os novos desafios do movimento sindical frente às radicais transformações do mundo do trabalho e das estratégias de comunicação da atividade política O 16º CECUT debateu os novos desafios do movimento sindical frente às radicais transformações do mundo do trabalho e das estratégias de comunicação da atividade política Nando Neves

O 16° Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ) realizado nesta sexta-feira, dia 8 de novembro, foi marcado pela comoção e clima festivo da soltura do ex-presidente Lula, que saiu por volta 17h40 da prisão, em Curitiba, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de que o réu só pode ser preso após o término de todos os recursos jurídicos ou em flagrante delito. Lula estava preso há 580 dias na Superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense. O CECUT, que este ano teve como lema “Lula Livre”, transmitiu ao vivo o momento histórico da saída do líder petista da prisão e de seu encontro com a militância não arredou pé do acampamento em torno do prédio desde sua condenação em duas instâncias no caso do tríplex no Guarujá, no âmbito da Operação Lava-Jato em 7 de abril de 2018.

Os sindicalistas avaliam que a liberdade de Lula muda toda a conjuntura política, pois o ex-presidente sai fortalecido do episódio e já anunciou que vai percorrer o país, a começar pelo Nordeste, para organização a resistência da oposição ao governo Bolsonaro. O fato gerou muita comoção e um clima festivo dos participantes do encontro, realizado no Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Rio de Janeiro, no Maracanã, Zona Norte da cidade.

Abertura Solene

O 16º CECUT foi oficialmente aberto com a participação de representantes de várias forças políticas do movimento sindical e todos foram unânimes em defender a unidade dos trabalhadores para enfrentar uma das mais duras conjunturas políticas e econômicas da história do Brasil, com ataques de direitos dos trabalhadores, ao patrimônio público, ao estado social e a soberania, além da ameaça à própria democracia.

O encontro homenageou a morte dos três operários da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) pelo Exército brasileiro, durante greve histórica, em 1988, no governo Sarney, que fez este ano 31 anos:  William Fernandes Leite, de 22 anos; Valmir Freitas Monteiro, de 27 anos; e Carlos Augusto Barroso, de 19 anos. A violência dos militares resultou ainda em centenas de trabalhadores feridos.

“Desde a ditadura militar que não tínhamos um momento tão tenebroso de repressão e assassinato de trabalhadores como naquela greve em Volta Redonda”, recordou o presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, que deixou a função com a eleição da nova diretoria. O sindicalista disse ainda que o país voltou a viver um momento crítico para os trabalhadores com a eleição do presidente Jair Bolsonaro.

 

Análise de conjuntura

 

Ainda sob o impacto da emocionante liberdade do ex-presidente Lula, o sociólogo do Dieese, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio abriu o debate sobre a análise de conjuntura. Ganz disse que todos se sentem reenergizados com a soltura de Lula,  mas destacou que o movimento sindical precisa se reinventar numa conjuntura tão dramática de ataques aos direitos e de transformação do setor produtivo e do mundo do trabalho.

“Estamos vivendo um período histórico de transformações profundas nas empresas, no trabalho e também na atividade política. O desafio da CUT é o de promover mudanças radicais nas estratégias e em toda a estrutura sindical, na organização de mobilização dos trabalhadores e nas negociações coletivas”, disse. Em sua avaliação, somente agora o Brasil está vivendo um projeto neoliberal, promovido pelo ministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes e que no governo FHC, o país viveu apenas um liberalismo econômico.  

“Precisamos ter uma visão de futuro, com metas e desafios”, acrescenta, ressaltando que o sindicalismo precisa atrair a juventude como ocorreu nos anos 60, 70 e 80, período de grande participação política de jovens estudantes e trabalhadores, na época, muitos na faixa de 18 a 25 anos.

Nova geração

O técnico do Dieese disse ainda que é preciso dialogar com milhões de brasileiros que trabalham em plataformas de aplicativos, que trabalham de forma precária de 12 a 18 horas por dia para ganhar cerca de R$600 sem nenhum direito ou proteção trabalhista.

“O jovem espera que  os sindicatos os proteja da exploração, mas eles têm a sensação de que isto não irá ocorrer, portanto é preciso pensar num novo sindicalismo que inclua estes trabalhadores. São pessoas que só pensam individualmente, desagregadas, sem perspectiva de que o seu possa oferecer um futuro melhor. O sindicato é uma grande oportunidade para os indivíduos se reunirem e pensarem coletivamente”, explica. O sociólogo disse que “é preciso acreditar em novas utopias, não como sonhos individuais inatingíveis, mas algo novo que possamos realizar” e que é necessário um novo sindicato que consiga retomar o trabalho de base mas também criar uma comunicação que dialogue com as novas gerações nas redes sociais.

Argentina e Chile

A presidenta da Contraf-CUT Juvândia Moreira, disse que é preciso refletir de que forma o movimento sindical poderá se organizar fortemente para criar referências e lembrou que o ex-presidente é fruto deste movimento sindical.

“A eleição na Argentina mostrou que é possível resgatar  um projeto popular no Brasil. O ex-presidente Maurício Macri aplicou em seu país a mesma política econômica que o ministro Paulo Guedes quer impor ao  nosso país. No Chile, o povo foi às ruas somente 30 anos depois da política neoliberal do ditador Pinochet porque lá o movimento sindical foi pulverizado e enfraquecido”, disse. Ela lembrou que as categorias de trabalhadores chilenas não conseguem promover uma mesa única de negociação porque cada empresa possui vários sindicatos negociando separadamente. Juvandia destacou que é preciso valorizar as redes sociais, como grupos familiares de whatsapp como estratégia de comunicação, mas que é preciso também fortalecer a mobilização nas ruas para retomar um projeto popular para o país.

“Os ataques ao movimento sindical, que é capaz de organizar os trabalhadores, tem como objetivo empobrecer o povo brasileiro”, criticou, referindo-se aos pacotes do governo Bolsonaro contra os servidores públicos, demais trabalhadores e a organização sindical. Destacou ainda que é preciso conquistar a confiança da classe média e criticou duramente a grande mídia, que não tem o contraditório e só reproduz o pensamento de especialistas que pensam como os donos dos veículos de comunicação e a burguesia.

 

Dirigentes eleitos para a nova gestão da CUT-RJ (2019-2023)

DIREÇÃO EXECUTIVA
Sandrão - Presidência
Duda Quiroga - Vice-Presidência
Ligia Deslandes - Secretaria Geral
Keila Machado - Tesouraria
Aluizio Junior - Secretaria de Combate ao Racismo

Gleisiane - Secretaria Jurídica
Sergio Giannetto - Secretaria de Comunicação

Elisabeth - Secretaria de Formação

Leonel Querino - Secretaria de Juventude
Marlene Miranda - Secretaria de Mulheres

Carlos Souza - Secretaria de Organização

Indalécio - Secretaria de Politicas Sociais
Sebastião - Secretaria de Relações Sindicais
Serginho - Secretaria de Saúde
Andréia - Executiva
Clarice - Secretaria de Cultura
Marcelo Rodrigues - Secretaria de Meio Ambiente
Noemi Andrade - Secretaria de Mobilização

DIREÇÃO PLENA
Elisabeth Paradela
Luciana Belém
Thiago
Vladmir Serveira
Mariza Araujo
Munhoz
Marcio
Barbosa
Jadir Bapthista
Erica
Cleide
Oswaldo Teles
Lima
Heloisa
Leonice
Luciano
Cássia
Solange

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