Quarta, 16 Outubro 2019 17:13
TIRO NO PÉ

Aumenta crise: política econômica provoca fuga de capital estrangeiro da Bolsa

Ao contrário do que previa o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, sua política econômica baseada na contração econômica, no corte de recursos do setor público e de direitos trabalhistas e previdenciários, não está provocando “a enxurrada” de capital estrangeiro no país. Pelo contrário, houve saída recorde de recursos externos da Bolsa de Valores de São Paulo.

Segundo a Bovespa, esta fuga é recorde (a maior em 10 anos) só perdendo para a evasão de 2008, quando aconteceu a crise mundial, mostrando o descrédito na política econômica de Guedes, que coloca o país entre a recessão e a estagnação. Relatório da Bovespa mostrou que a saída, apenas em outubro, já acumulou R$ 6,2 bilhões (quase US$ 2 bi), levando a parcial negativa deste ano para R$ 27 bilhões, quase 10% a mais do que os 24,8 bilhões que se evadiram no ano de 2008, com a crise mundial.

Desde a crise mundial, em 2008, até o ano passado, havia entrada líquida de recursos no mercado acionário brasileiro, exceção a uma pequena saída (R$ 1,4 bi) em 2011. No final do governo Temer, que deu início à política econômica contracionista, os dólares começaram a bater asas e o saldo, em 2018, ficou negativo em R$ 10 bi. Em pouco mais de 9 meses, este valor triplicou.

Os apertos cambiais estão crescendo também na corrente de comércio exterior: até a primeira semana de outubro, as exportações registram queda de 15,7% em relação ao mesmo período, contra uma baixa de 1,8% nas importações.

Economia estagnada

O governo Bolsonaro, que previa crescimento de 2% em janeiro, como resultado da ampliação do ajuste fiscal, com profundos cortes no orçamento e retirada de direitos, foi alterando para menos este número até chegar a 0,85% em outubro. Em março deste ano, a gestão Bolsonaro cortou a projeção para 2,2%. Depois, fez novo corte em maio, para 1,6%, e mais uma revisão em julho, para 0,81%.

Para o economista Adhemar Mineiro, já ficou mais que evidente que a economia precisa de um estímulo de demanda (consumo de bens e serviços). Precisa de investimento público, não só para ser ativada, como para orientar os investimentos privados, para que ganhem impulso. “E, além disso, através da concessão de crédito e de aumento da renda das pessoas, ative o consumo das famílias e, a partir daí, dê início a um crescimento sustentado. Não adianta ficar esperando do setor externo alguma ativação da economia brasileira. O mundo lá fora está bastante complicado, não virá de lá nenhum estímulo significativo”, afirma. Acrescenta que em economias grandes como a do Brasil, se este estímulo não se relaciona com políticas voltadas para o crescimento, não será capaz de dar qualquer impulso à economia brasileira que está presa numa armadilha da política econômica de contração e ajuste, levando à estagnação ou à recessão.

Adhemar frisa que ao manter a política atual de cortes, ameaçar salários, flexibilizar ainda mais os direitos trabalhistas; ao não dar aos trabalhadores mecanismos de crédito (o emprego formal não reage e sem carteira assinada o trabalhador não tem acesso ao crédito); ao manter a economia em estagnação e recessão, o que complica as negociações salariais e mantêm os salários baixos, o governo desestimula o consumo, o investimento e mantém a economia parada. É o que a política adotada até agora tem conseguido como resultado. O que não é surpreendente, já que o objetivo de uma política contracionista é manter a economia parada.

 

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