Quarta, 09 Outubro 2019 15:23

Governo marcado por rachas, Bolsonaro deixa futuro incerto no PSL

Em meio ao escândalo das laranjas, Presidente fala em “esquecer o partido” e ataca Luciano Bivar
Escrito por Gabriel de Oliveira
Bolsonaro pode deixar o PSL Bolsonaro pode deixar o PSL Reprodução

Na manhã desta terça-feira (8), enquanto se dirigia para a parte de fora do Palácio da Alvorada, o Presidente da República Jair Bolsonaro expôs mais uma grave crise dentro de seu partido. A afirmação diante de um apoiador, “esquece o PSL ok? ”, junto ao recente ataque contra o presidente de seu partido, Luciano Bivar, suspeita de encabeçar um esquema de candidaturas femininas de fachada, revela o atual momento político dessa sigla, que se caracteriza em 2019 por brigas internas e disputa de poder dentro do partido.

            A nova polêmica envolvendo Bolsonaro vem depois de o Presidente aparecer na gravação de um eleitor que se apresentou como pré-candidato pelo PSL ao Recife. Na ocasião, Bolsonaro pediu que o homem esquecesse a sigla e depois de afirmar que Luciano Bivar está “queimando sozinho”, solicitou que o vídeo não fosse divulgado.

- Ó cara, não divulga isso não. O Bivar está queimando para caramba lá. Vai queimar meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido.

            Depois de repreendido, o homem que gravou o vídeo fez uma nova filmagem destacando a figura do Presidente com a de Luciano, afirmando: “Viva o Recife, eu e Bolsonaro”.

Escândalo das laranjas

            Luciano Bivar é o atual presidente do PSL. Investigado pela Polícia Federal, Bivar é suspeita de participar de um esquema de candidaturas laranjas para desviar recursos nas eleições de 2018. Junto do presidente, o ministro do turismo Marcelo Álvaro Antônio, também da sigla e deputado federal mais votado em Minas Gerais, é acusado de liderar o esquema, com o desvio de R$ 279 mil para quatro candidatas inexistentes no partido. O valor representa 30% da destinação para fundo eleitoral, de mulheres, valor mínimo exigido pela Justiça Eleitoral.

            Bivar, no entanto, é acusado de patrocinar em R$400 mil de verba eleitoral, uma secretária da sigla, no estado de Pernambuco, a quatro dias da eleição. Maria de Lourdes Paixão, a beneficiada, concorreu a deputada federal, e apesar do incentivo, terminou com apenas 274 votos.

Rachas

            Característico do PSL desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, as brigas tanto internas quanto direcionadas aos mais diferentes destinatários externos, deixam o partido presente com frequência em polêmicas. Depois da fala de Bolsonaro, o líder da sigla no senado, Major Olímpio, que recentemente rompeu com Flavio Bolsonaro, afirmou ter ficado “perplexo” com a afirmação do Presidente.

            Logo depois da repercussão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL/RJ) defendeu Bolsonaro e criticou o major, taxando-o como ingrato. “Ingratidão se revela a cada momento”, afirma Carlos.

Principal aliado do Presidente, o deputado Hélio Negão (PSL/RJ) também foi às redes para ressaltar o bordão que ficou famoso durante a campanha eleitoral do ano passado. “Qual a surpresa? Brasil acima de tudo e todos, inclusive dos partidos”, escreveu Hélio.

Panos quentes

            Tratando de amenizar a crise, o líder do PSL na Câmara, o Delegado Waldir (GO) afirma que a sigla está unida com o Presidente Jair Bolsonaro, e que não haverá retaliações por conta das críticas expostas por Bolsonaro.

            Apesar de não ter comentado nada a respeito na terça-feira, Jair Bolsonaro possui futuro incerto dentro da sigla. De acordo com a Veja, o Presidente já teria até definido sua saída do PSL, porém, ainda não há confirmação oficial de ambas as partes.

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