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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Trabalhadores, empresários, senadores e deputados. Todos foram enganados pelo ministro da Economia do governo Bolsonaro, o banqueiro Paulo Guedes, com a proposta de reforma do sistema de aposentadorias. Segundo matéria publicada na revista Carta Capital, o projeto da chamada de Nova Previdência é uma trapaça, com planilhas sem consistência construído com dados manipulados para convencer a sociedade a aprovar a proposta.
Que o plano aumenta a desigualdade, sacrifica os mais pobres (de cada R$100 economizado pelo governo, R$70 prejudica os mais pobres), entrega o filão das aposentadorias mais bem remuneradas aos fundos e bancos privados, quebra municípios pequenos com economia movimentada principalmente por dinheiro dos aposentados, já ficou claro. Mas faltava provar a farsa. Não foi por acaso que, em abril, o Ministério da Economia decretou sigilo sobre os estudos e pareceres técnicos que embasaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Depois da aprovação do projeto pela Comissão de Constituição e Justiça, o ministro Paulo Guedes desinterditou parte das informações, mas manteve na clandestinidade o essencial: as planilhas com a memória de cálculo, os pressupostos de crescimento e de emprego, quem será mais afetado, quem ficará fora e o custo para implementação de um regime de capitalização.
Contas falsificadas
Um grupo de pesquisadores do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica do Instituto de Economia da Unicamp decidiram mostrar como o governo chegou aos números fictícios, no documento “A falsificação nas contas oficiais da Reforma da Previdência: o caso do Regime Geral de Previdência Social”.
“As contas oficiais da reforma da Previdência para o regime geral foram falsificadas. Comprovamos que cálculos deturpados ampararam a principal apresentação sobre a economia a ser gerada pela reforma, feita pelo secretário da Previdência, Rogério Marinho, em maio no Congresso Nacional”, resume Pedro Paulo Zahluth Bastos, professor do Instituto de Economia, doutor em Economia e pesquisador do Cecon-Unicamp, ex-professor visitante na Universidade da Califórnia em Berkeley e coordenador da equipe responsável pelo estudo, divulgado em uma nota técnica.
A construção da mentira
Os pesquisadores auditaram os cálculos oficiais da Secretaria da Previdência obtidos através da Lei de Acesso à Informação e encontraram os seguintes indícios de falsificação ou, no mínimo, incompetência.