Sexta, 16 Agosto 2019 18:38
REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Maioria dos brasileiros só vai conseguir aposentadoria integral com mais de 73 anos

A maioria dos trabalhadores rurais, da construção civil e dos brasileiros mais pobres não conseguirá se aposentar, pois a expectativa de vida nesta camada social não chega a 65 anos de idade A maioria dos trabalhadores rurais, da construção civil e dos brasileiros mais pobres não conseguirá se aposentar, pois a expectativa de vida nesta camada social não chega a 65 anos de idade

A reforma da Previdência do governo Bolsonaro esconde um dado alarmante, revelando que a perversidade do projeto com os mais pobres vai além da regra que cria a idade mínima (65 anos para homens e 62 para mulheres) e o tempo mínimo de 40 anos de contribuição contínua para poder receber integralmente o benefício. Estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, em função da alta rotatividade e de períodos de altos índices de desemprego no país, os brasileiros ficam em média, pelo menos oito anos desempregado. Estes períodos sem contribuição são comuns em muitos setores, como a construção civil, em que o trabalhador é dispensado após o fim da obra em um empreendimento. Logo, para se aposentar com direito ao benefício integral, os brasileiros terão de trabalhar muito mais do que se imaginava, caso a Proposta de Emenda Parlamentar (PEC) nº 6/2019 seja aprovada pelo Congresso Nacional.  Na prática, especialistas preveem que a maioria dos trabalhadores só conseguirá o valor integral da aposentadoria, com pelo menos 73 anos, idade que poucos brasileiros conseguem atingir.

Trabalhar até a morte

A idade mínima pune os mais pobres, que começam a trabalhar mais cedo. Além disso, a esmagadora maioria dos trabalhadores de baixa renda, especialmente nas regiões mais pobres do Brasil, não vão sequer conseguir se aposentar, pois a expectativa de vida destes brasileiros não chega aos 65 anos, como é o caso dos trabalhadores rurais.

Agora só a mobilização

A proposta de reforma da Previdência já foi aprovada na Câmara dos Deputados e está prevista a ser votada no Senado, respectivamente em primeiro e segundo turno, nos dias 24 de setembro e 10 de outubro. A previsão inicial era de que a votação acontecesse nos dias 8 e 9 de outubro, mas a pressão de parlamentares de oposição garantiu o adiamento da decisão do parlamento.

“Somente uma forte mobilização popular será capaz de derrotar este projeto. Esta reforma é injusta, desumana e inaceitável. Um operário da construção civil ou um agricultor do agreste não terá jamais a mesma expectativa de um executivo que trabalha num escritório em Curitiba. O governo quer fazer ajuste fiscal punindo o mais pobre, mantendo os privilégios de juízes, procuradores do Ministério Público, militares e políticos”, afirma o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção.

Dados mostram que, de cada R$100 dos quase R$1 trilhão que o governo diz que vai economizar com a reforma, R$80 serão retirados de quem ganha até dois salários-mínimos. A sociedade pode até debater a necessidade de uma reforma previdenciária, mas a proposta do governo é um descalabro.

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