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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Na reunião da última quinta-feira, dia 25 de abril, a direção do Santander voltou a defender o dito “trabalho voluntário” aos sábados que o banco quer impor aos funcionários nos meses de maio e junho, para “orientação financeira”, segundo informação divulgada pela instituição. No mesmo dia do encontro de sindicalistas com representantes do banco, em São Paulo, houve pela manhã, a apresentação de uma vídeo-conferência denominada “Café com Rial”. Sérgio Rial é o presidente do conglomerado espanhol no Brasil.
“No vídeo foi falado de tudo referente a produtos e serviços oferecidos pelo Santander e nada de educação financeira. Num certo momento foi questionado se teria produto com taxa diferenciada para o público e noutro deram a opção para, em casos do cliente endividado, seja feita alienação de veículos do pai ou da mãe para quitação da dívida”, explica indignado o diretor do Sindicato do Rio, Marco Vicente.
Para o Sindicato, não há dúvidas que se trata de abertura de agências aos sábados apenas para gerar negócios nos dias úteis, o que descumpre a Convenção Coletiva de Trabalho, que prevê a jornada de trabalho da categoria de segunda à sexta, com repouso remunerado nos finais de semana.
Na apresentação da empresa, foi dito que “o banco não é uma instituição filantrópica, que os funcionários têm de gerar lucro para a empresa, para os acionistas e que os empregados querem receber a remuneração variável, portanto, mesmo que não haja negócio concretizado no sábado, fatalmente será feito na segunda-feira”.
“O encerramento do vídeo é claro e enfático ao declarar que o Santander será pioneiro na abertura de agências aos sábados, o que é uma ilegalidade”, acrescenta Vicente.
Alerta aos bancários
O Sindicato alerta que o risco do banco ao tratar o trabalho aos sábados como de caráter “voluntário”, é o de que o bancário não terá qualquer proteção trabalhista, o que foi confirmado pelo próprio banco espanhol na negociação com os representantes da COE (Comissão de Empresa dos Empregados), que foram unânimes em dizer que os sindicatos não concordam com a abertura das unidades nos finais de semana.
“Não tem nada de voluntário nisso. É trabalho aos sábados, com supressão de todos os direitos trabalhistas e uma ilegalidade. Vamos tomar todas as providências para impedir este abuso do Santander”, completa Vicente.
Sem avanços
Na avaliação de Marcos Vicente, praticamente não houve avanços na negociação com o Santander. Em relação ao reembolso pago pelo banco para a quilometragem rodada pelos bancários para captar e se reunir com clientes, que é inferior ao praticados por outras instituições, o banco se comprometeu a reajustar o valor, a partir da segunda semana de maio.
Foi cobrado ainda a ampliação do prazo para a certificação CPA10, cujo normativo 3.158/2003 prevê até um ano para o bancário adquirir o certificado. O banco se recusou a atender a reivindicação dos bancários, alegando que apenas 20% dos funcionários não possuem a certificação, o que para os sindicalistas, é uma completa falta de sensibilidade da empresa.
Unificação de cargos
Sobre a unificação de cargos, o Santander informou que irá emitir um comunicado garantindo treinamento com dedicação exclusiva, ou seja, o empregado será liberado de suas tarefas durante o treinamento e vai avaliar a possibilidade de o treinamento ser apenas parcialmente presencial. O banco prometeu ainda se reunir com os representantes dos trabalhadores em junho, para avaliar os impactos do novo modelo de atendimento e garantiu que não aumentará as metas. Afirmou também que, uma vez batida a meta, todos os funcionários receberão a remuneração variável, mas que muitas funções permanecerão com metas individuais (agentes comerciais, assistentes, gerentes de pessoa física e caixas).
Na próxima reunião os temas tratados serão plano de saúde e problemas no retorno dos bancários afastados pelo INSS.