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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Agentes da Polícia Federal efetuaram a prisão preventiva do ex-presidente da República, Michel Temer (MDB-SP) na manhã desta quinta-feira (21) em São Paulo. A prisão deve-se a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que afirmou à PF ter pago R$1 milhão em propina, a pedido do ex-ministro Moreira Franco e coronel João Baptista Lima Filho, sob conhecimento de Temer, durante um acordo de contrato para um projeto da usina Angra 3.
Denominada Operação Radioatividade, as investigações que levaram ao mandato de dez prisões totais revelam diversas fraudes no acordo para as obras da usina. Na ocasião, o empresário José Antunes revelou à polícia que em meados de 2010 ele foi procurado pelo coronel Lima com a oferta ilícita, e que durante os anos de 2013 e 2014 foi procurado pelo ex-ministro Moreira Franco junto de Lima para fazer doações ao MDB, período em que também foi levado para encontros pessoais com Michel Temer junto dos dois citados.
Para disfarçar a corrupção nas obras da usina Angra 3, uma reforma no apartamento de Maristela Temer, filha do ex-Presidente, foi utilizada para desvio da verba, segundo afirma o Ministério Público Federal. Maristela afirma gastos de R$700 mil na reforma, mas de acordo com as investigações, o valor é duas vezes maior. A quantia depositada para esta reforma teria sido recebida por Maria Rita Fratezi, esposa de coronel Lima.
Com base nas informações do MPF, as empresas AF Consult e Argeplan, do coronel Lima, foram contratadas para a reforma da usina, tendo a Engevix subcontratada no decorrer das obras sob alegação de que as duas empresas citadas não teriam “pessoal e expertise” suficiente para a prestação de serviços. Segundo a nota do Ministério, o contrato previa pagamento de propina por parte da Engevix em benefício de Michel Temer. A força-tarefa da Lava Jato revela que os pagamentos foram realizados ao final de 2014 depois de um contrato fictício da Alumi Publicidades e a PDA Projeto e Direção Arquitetônica, também controlada pelo coronel Lima, que somaram R$1,09 milhão de transferências. Já os pagamentos depositados para a empresa AF Consult causaram um desvio de R$10,8 milhões, mesmo sem ter capacidade técnica para cumprimento do contrato.
Preso nesta manhã (21) após sair de sua casa, o ex-presidente será levado ao Rio de Janeiro enquanto seu processo ficará a cargo do ministro do STF Edson Fachin. Inicialmente preventiva, Temer e mais sete acusados ficarão detidos sem data para liberação enquanto apenas Carlos Jorge Zimmermmann e Rodrigo Castro Alves Neves terão prisões temporárias de cinco dias.
Temer que em 2018 afirmou não ter medo de ser preso, durante uma entrevista à revista Época, é detido por corrupção e ainda responderá por mais nove inquéritos abertos na época em que exercia a função de Presidente da República.
Ao todo o juiz Marcelo Bretas ordenou a prisão do ex-presidente Michel Temer, coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer e dono da Argeplan), Wellington Moreira Franco (ex-ministro durante o governo Temer), Maria Rita Fratezi (esposa do coronel Lima), Carlos Alberto Costa (sócio do coronel na Argeplan), Carlos Alberto Costa Filho (diretor da Argeplan e filho de Carlos Alberto), Vanderlei de Natale (sócio da Construbase), Carlos Alberto Montenegro Gallo (administrador da CG Impex), Rodrigo Castro Neves (responsável pela Alumi Publicidades) e Carlos Jorge Zimmermmann (representante da empresa AF-Consult).