Segunda, 10 Dezembro 2018 19:34

Palhano: uma vida dedicada aos trabalhadores e à democracia

Nascido em 5 de setembro de 1922, em Pirajuí, São Paulo, Aluí zio Palhano veio para o Rio de Janeiro aos dez anos morar com os avós em Niterói. Formado em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), ingressou na carreira de bancário trabalhando no Banco do Brasil, sendo por duas vezes presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.
Principal líder sindical em 1964, ano do golpe militar, teve seus direitos políticos cassados e após sofrer forte perseguição do regime, deixou o país, quando representou o Brasil na Organização Latino-Americana de Solidariedade, em Havana. Lá permaneceu até meados de 1970, quando voltou ao Brasil de forma clandestina, porém, vigiado em sigilo pelos militares. Após cinco meses de sua volta arquitetaram um sequestro no dia 6 de maio de 1971, em São Paulo, sendo levado a seguidas sessões de tortura e consequentemente sua morte. Um agente infiltrado chamado José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, seu intermediário com a Vanguarda Popular Revolucionária no período, entregou o militante para as forças de segurança.
Levado para o DOI-CODI/SP, um órgão subordinado ao exército, Aluízio permaneceu no local por seis dias e em seguida para a Casa de Morte, um local marcado por ser o centro de tortura e assassinato de presos políticos no regime militar, em Petrópolis. Debilitado, conforme denúncia de Inês Etienne Romeu, também militante da VPR e presa no mesmo local, Aluízio foi levado de volta para São Paulo e novamente torturado de forma brutal nas dependências do DOI-CODI/SP onde esteve aprisionado por uma semana. A mando do torturador Dirceu Gravina, foi morto na madrugada daquele dia 21 de maio.
Vinte anos depois de sua morte, o arquivo em seu nome foi encontrado na gaveta do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS/PR) com a identificação “falecidos”. Nesse documento estavam os nomes do Major Carlos Alberto Brilhante Ustra, o capitão Ítalo Rolim, além do já citado, Dirceu Gravina, comandante do DOI-CODI/SP, todos envolvidos na morte de Aluízio. Apesar dos depoimentos ao longo dos anos e do arquivo mencionado, sua morte nunca foi confirmada pelas autoridades que o colocavam na lista de desaparecidos políticos.
Em sua homenagem uma rua no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro leva seu nome desde 1986, inaugurada pelo grupo Tortura Nunca Mais.

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