Segunda, 26 Novembro 2018 22:57

É urgente organizar a luta para impedir a privatização da Caixa e do Banco do Brasil

Embora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha afirmado, ainda durante a campanha, em outubro, que não pretende privatizar o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal, os sinais apontam para o sentido oposto. Analistas do mercado dão como certo que o novo governo vai radicalizar a política de Michel Temer, em redução de direitos do trabalhador e venda das instituições públicas. O superministro da economia, Paulo Guedes, que ainda na campanha eleitoral anunciou que defende “a privatização de todas as estatais”, confirmou esta semana, a criação de uma Secretaria de Privatizações, a ser chefiada por Salim Mattar fundador da empresa de locação de automóveis Localiza.

Na Caixa, privatista investigado

O nome confirmado para a presidência da Caixa Econômica Federal é o de Pedro Guimarães. Sócio do Banco de Investimento Brasil Plural, atua há mais de 20 anos no mercado financeiro na gestão de ativos e reestruturação de empresas. Deverá iniciar sua gestão na CEF pela venda da área de cartões de crédito e seguros.

O que mais se destaca na relação profissional de Guedes e Guimarães é o fato de estarem sendo investigados pela Operação Greenfield, do Ministério Público e Polícia Federal, acusados de envolvimento em aplicações especulativas e fraudulentas que causaram grandes prejuízos aos fundos de pensão de diversas estatais, entre as quais a Fundo de Pensão do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Funcef).

Para o vice-presidente do sindicato Paulo Matileti, “pelo que estamos assistindo, está sendo preparada uma invasão de ‘piratas’ do mercado financeiro nas empresas e bancos públicos, visando através das privatizações, acabar com estas instituições e seu caráter social e impedir a continuidade das investigações em andamento sobre as irregularidades nos fundos de pensão”. O dirigente convoca o funcionalismo a se mobilizar junto aos sindicatos e demais entidades de representação para barrar essas medidas privatistas que em nada colaboram para a geração de empregos e o crescimento econômico e social do país.

Esquartejando a Caixa

O presidente da Federação Nacional dos Associados da Caixa (Fenae), Jair Pedro Ferreira, lembra que como parte do projeto de privatização, já se assiste no governo Temer ao esquartejamento da CEF que vai se aprofundar com Bolsonaro. Lembra que desde 2014 foram cinco programas de demissão ou de aposentadoria. “Perdemos 16 mil vagas de trabalho nos últimos três anos”, lembrou. O banco anunciou agora mais um programa de desligamento de empregados (PDE) com o objetivo de cortar mais 1.626 postos de trabalho.

Frisou que os bancos públicos têm papel importante na sociedade. “Quem é que vai executar os programas sociais no país se forem privatizados?”, questionou. “A Caixa tem quase 40% das suas receitas provenientes de programas sociais, da gestão do FGTS. Quando tiro isso da empresa pública perco a possibilidade de fiscalização. É preocupante porque todos os sinais que estão dados, com a indicação do novo presidente, que tem histórico de retirar o papel das empresas públicas, a visão de que isso tem de ser papel dos bancos privados”. Jair se refere à confirmação de que Pedro Guimarães, um especialista em privatizações, presidirá o banco a partir de 2019.

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