Segunda, 26 Novembro 2018 22:30

Ato denuncia racismo e discriminação de gênero nos bancos

Ato promoveu diálogo com a população carioca que passava pelo  Centro a respeito da necessidade de combate à discriminação Ato promoveu diálogo com a população carioca que passava pelo Centro a respeito da necessidade de combate à discriminação

Na última sexta-feira (23/11) a Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato promoveu ato público às 12 horas na avenida Rio Branco, Centro, para convocar a sociedade carioca a refletir sobre a importância de combater o preconceito racial e a violência contra a mulher. Os dados estatísticos que desfavorecem o negro no mercado de trabalho, principalmente no setor financeiro, a dificuldade de conseguir um emprego depois da reforma trabalhista, os desafios diante do retrocesso que se avizinha com este futuro governo e memória da resistência de líderes negros no Brasil também foram temas abordados durante a atividade.
Para Almir Aguiar, diretor da Contraf-CUT, o desafio se torna ainda maior quando o governo começa a retirar direitos e os bancos implicam com a contratação de negros para o setor. “Juntos os cinco maiores bancos no Brasil somam um lucro superior a R$ 60 bilhões em nove meses e mesmo assim não contratam negros. Eles se negam a fazer o debate dizendo que não há preconceito, mas quando os números são expostos fica claro a diferença”, ressalta.
Discriminação de gênero
O papel das mulheres na sociedade brasileira é fundamental e isso deveria ser uma realidade nas agências, pois as bancárias quase não ocupam cargos de comando e em média recebem menos que os homens. As mulheres negras sofrem duas vezes mais, pela discriminação e pela resistência que enfrentam para serem inseridas nos bancos. Kátia Branco, diretora de Políticas Sociais do Sindicato, frisou que o ato teve como uma de suas principais funções questionar os bancos na admissão de mulheres e negras. “Exigimos mais mulheres nas agências, mais negras. A mulher sofre preconceito de gênero, ainda mais se for negra. Isso tem que acabar. Basta olharmos para os altos cargos dos bancos e veremos que realmente existe a diferença de tratamento”, afirmou.
A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, reforçou durante a manifestação a importância do ato e defendeu o combate a todo o tipo de discriminação. “Estamos aqui para denunciar esse tipo de preconceito, os negros merecem respeito e oportunidade. Uma recente pesquisa do Banco do Brasil, que é um banco público e possui mais de cem mil funcionários, revela que apenas 2% são negros. Mas se olharmos para as demissões do banco, eles são os primeiros que encabeçam a lista. A sociedade precisa saber disso, todos temos sangue vermelho e somos humanos, precisamos combater esse crime”, afirma.
A atividade reuniu a Contraf-CUT, Fetraf-RJ/ES e o Sindicato dos Bancários. Foi ressaltada a memória de líderes negros que têm um papel fundamental na história da construção da identidade do Brasil, como Zumbi dos Palmares, André Rebouças e João Cândido, todos mencionados por Almir Aguiar em seu discurso.

Os números do Dieese sobre a discriminação

Os dados são assustadores para a população negra no Brasil, que hoje representa 54% das pessoas que vivem em nosso país. Apenas 12,8% dos estudantes de nível superior são negros enquanto eles correspondem a 64% da população carcerária. Na última década a porcentagem de mulheres negras assassinadas aumentou 15,4%, confirmando a estatística que a cada dez pessoas mortas, sete são negras. A discriminação com negros e mulheres se estendem para o ambiente de trabalho, onde são vítimas de preconceito, raramente ocupam cargos de chefia e são os primeiros na lista de demissões dos bancos. Somente 3,4% dos empregados bancários são negros, enquanto as mulheres recebem em média 23% a menos que os homens no setor financeiro, segundo os dados do Dieese.

 

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