Quarta, 21 Novembro 2018 16:56

Bancários terão de organizar luta para impedir privatização da Caixa e do Banco do Brasil

Paulo Matileti: “Bancários precisam organizar uma mobilização forte para impedir privatizações do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal” Paulo Matileti: “Bancários precisam organizar uma mobilização forte para impedir privatizações do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal”

Paulo Guedes anuncia criação de Secretaria de Privatizações, o que confirma intenção do futuro governo de entregar o patrimônio público ao setor privado

 

Embora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha afirmado, ainda durante a campanha, em outubro, que não pretende privatizar o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal, os sinais apontam para o sentido oposto. Analistas do mercado dão como certo que o novo governo vai radicalizar a política de Michel Temer, em redução de direitos do trabalhador e venda das instituições públicas. O superministro da economia, Paulo Guedes, que ainda na campanha eleitoral anunciou que defende “a privatização de todas as estatais”, confirmou esta semana, a criação de uma Secretaria de Privatizações.

 Nome privatista

 O nome cotado para assumir a presidência da Caixa Econômica Federal é o de Ana Paula Vescovi, secretária executiva do Ministério da Fazenda e atual presidente do Conselho de Administração do banco. Ex-presidente da instituição, o economista Jorge Mattoso acredita que, se confirmada, a indicação obedece aos interesses de privatização. “Ela já tentou transformar a Caixa numa S.A. (sociedade anônima), como presidente do Conselho de Administração (CA). Não conseguiu, por questões jurídicas, e vai tentar de novo, de outra forma. Vão continuar tentando fazer isso com os dois bancos, Caixa e Banco do Brasil”, alerta. 

Outra medida tomada por Ana Paula foi a decisão do CA de alterar o estatuto da Caixa, permitindo que diretorias da área de controle (Jurídica, Auditoria e Corregedoria) sejam ocupadas por não concursados.

Maria Rita Serrano, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, acredita que Bolsonaro vai aprofundar o que Temer já começou. “O processo de privatização está dado. Naquilo que não for privatizado, haverá um desmantelamento da empresa pública e diminuição de seu papel. Na Caixa isso já acontece. Ela perdeu 15 mil trabalhadores de 2014 para cá. O BB também vem perdendo funcionários”, afirma.

Para Rita, as privatizações só favorecem ao capital internacional. Para ela, a privatização do “miolo” de ambos os bancos, no momento, não é prioridade, e sim a desestatização de operações e setores lucrativos, como as loterias, o próprio Fundo de Garantia, área de cartões e seguro. Ela lembra, por exemplo, que está marcado para o próximo dia 29 o leilão da Loteria Instantânea (Lotex). As loterias da Caixa destinam cerca de 40% de sua arrecadação a programas sociais nas áreas de educação, esporte, cultura, saúde e Previdência.

 Fusão do BB

 A declaração de Paulo Guedes, no início do mês, que sugeriu a fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America, preocupa os funcionários da instituição, mas, na avaliação de Rita e Matoso, o banco americano não demonstra interesse no momento.

“A postura ultraliberal de Paulo Guedes e a criação de uma Secretaria Nacional só para privatizar reafirma que o novo governo ameaça todas as estatais, e os bancos públicos não estão fora dos planos. A categoria precisa organizar uma mobilização muito forte para impedir a entrega do patrimônio público, para garantirmos o emprego dos bancários e os investimentos sociais no país”, destaca o vice-presidente do Sindicato, Paulo Matileti.

 

 

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