Segunda, 19 Novembro 2018 15:08

Pelo fim da discriminação nos locais de trabalho

LONGE DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES - Negros e brancos. Homens e mulheres: a discriminação  na sociedade reflete as distorções no mercado de trabalho e nos bancos, a situação não é diferente LONGE DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES - Negros e brancos. Homens e mulheres: a discriminação na sociedade reflete as distorções no mercado de trabalho e nos bancos, a situação não é diferente

No mês da Consciência Negra (20) e do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25), a categoria celebra uma importante conquista, garantida na Convenção Coletiva de Trabalho, fruto da luta de bancários e bancárias na Campanha Salarial deste ano: o Censo da Diversidade.
A categoria é uma das primeiras a ter, desde o ano 2000, a igualdade de oportunidades como cláusula na CCT além de ser pioneira na realização do Censo da Diversidade. A primeira edição da pesquisa feita junto a trabalhadores e trabalhadoras de bancos públicos e privados foi realizada em 2008 e a segunda em 2014.
“O Censo é um instrumento fundamental para a promoção de políticas de combate às desigualdades e discriminações de raça, cor, gênero, idade ou orientação sexual (LGBT) nos locais de trabalho e bancárias e bancários de todo o país têm que celebrar este passo importante para buscarmos a igualdade de oportunidades”, afirma a presidenta do Sindicato do Rio, Adriana Nalesso.
Comissão Bipartite
Os bancários contam ainda com uma comissão bipartite. Composta por representantes dos trabalhadores e dos bancos, a comissão se reúne a cada três meses para debater o tema e desenvolver propostas, com base no Censo da Diversidade, de orientação dos empregados, gestores e empregadores. O objetivo é prevenir as distorções que levem a atos e posturas discriminatórias nos ambientes de trabalho e na sociedade de um modo geral.
As barreiras do preconceito
Os bancos reproduzem as diversas formas de discriminação que existem na sociedade. No Brasil o machismo (61%) é o preconceito mais arraigado, seguido pelo racismo (46%) e LGBTfobia (44%). As pessoas portadoras de obesidade também sofrem, é a chamada gordofobia (30%). O Brasil vive um momento em que o preconceito se torna mais explícito e vira uma narrativa política que conquistou hegemonia em 2018. Este contexto interfere diretamente no mercado de trabalho com dificuldade de ascensão profissional.
“As mulheres com escolaridade igual ou superior ganham, em média, salários inferiores aos dos homens nos bancos. As negras sofrem dupla discriminação”, critica a diretora de Políticas Sociais do Sindicato, Kátia Branco.
Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, lembra que há ainda muito o que avançar.
“Estamos longe de atingir a Igualdade de Oportunidades. Como em todo o mercado de trabalho, nos bancos os negros são minoria e raramente ocupam cargos de chefia e de destaque”, critica. Para o sindicalista, o censo da diversidade deveria ser realizado pelo menos a cada dois anos, já que a rotatividade no setor bancário é cada vez maior.
“É preciso mapear o perfil da categoria com mais frequência para podemos avaliar se houve evolução na contratação dos grupos que mais sofrem preconceito. Precisamos observar se negros, mulheres, transsexuais e portadores de deficiência continuam encontrando barreiras para a inserção e ascensão no sistema financeiro”, afirma.

Os números do preconceito

Negros:
• 50% da população brasileira
• 3,4% da categoria bancária
• Raramente ocupam cargos de chefia

Mulheres:
• Metade da categoria
• Ganham 23% menos que os homens
• Ocupam menos cargos de chefia

Mulheres negras:
• Dupla discriminação.
• Raramente ocupam cargos de chefia

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