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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O emprego formal continua crescendo no Brasil, mas o setor bancário é a exceção e registra queda nos postos de trabalho
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
Dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) mostram que o mercado de trabalho brasileiro segue em recuperação em 2025. Entre janeiro e setembro, o país registrou saldo positivo de 1,7 milhão de empregos formais.
No entanto, o setor financeiro vai na contramão. Impulsionado principalmente pelas demissões nos bancos privados, o segmento eliminou 8.807 vagas nos nove primeiros meses do ano — 1.866 apenas em setembro, um dos piores resultados mensais desde o início da série histórica, em 2020.
O resultado reflete, em grande parte, as demissões em massa promovidas pelo Itaú, que impactaram diretamente o saldo negativo do período. “Os bancos privados não podem continuar dispensando trabalhadores sob a justificativa do avanço das plataformas digitais. Por isso, o movimento sindical defende uma transição socialmente responsável diante da crescente adoção da Inteligência Artificial e a aprovação do Projeto de Lei (PL 5.456/2025), apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-DF), que estabelece critérios e procedimentos para o encerramento de agências bancárias, garantindo melhor atendimento à população e preservação de empregos”, afirmou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Kátia Branco, funcionária do Itaú.
Desde o início da série histórica do Novo Caged, em janeiro de 2020, o setor bancário acumula perda de 23,8 mil vagas, resultado de sucessivas reestruturações e mudanças no modelo de atendimento. A Caixa Econômica Federal aparece como exceção, registrando saldos positivos de emprego em todas as comparações do período.
Nos últimos 12 meses, houve fechamento de vagas bancárias em todas as regiões do país, com exceção do Centro-Oeste. As maiores perdas ocorreram no Sudeste (- 5.956), seguido da Região Sul (- 2.144); Nordeste (- 940) e Norte (–318).
Além da redução geral de postos, os dados mostram mudanças estruturais nas ocupações bancárias: crescem as contratações em áreas de tecnologia e inovação — como analistas e programadores de sistemas — enquanto funções tradicionais de agência, como gerentes administrativos e de contas, seguem em queda.
As trabalhadoras são as mais impactadas pelo enxugamento: 66% dos postos fechados em 2025 eram ocupados por mulheres, o que acentua a desigualdade de gênero no setor, especialmente considerando a predominância masculina nas áreas de tecnologia.
A análise etária aponta crescimento apenas entre trabalhadores com até 29 anos, enquanto há queda significativa nas demais faixas, indicando substituição geracional e perda de profissionais mais experientes.
As estatísticas mostram um saldo positivo de 104 vagas para pessoas pretas, enquanto há queda de 1.357 postos entre pessoas pardas e uma retração ainda maior entre pessoas brancas (–7.120). O cenário reflete a composição do setor, no qual trabalhadores brancos representam 68,5% do total.
O salário médio dos admitidos em 2025 foi de R$ 7.743,43, equivalente a 90% do valor médio dos desligados (R$ 8.589,85). Mesmo assim, a remuneração bancária permanece muito acima da média nacional (R$ 2.286,34).
A desigualdade salarial por gênero e raça segue expressiva: mulheres negras recebem, em média, 55% do salário dos homens não negros na admissão e 58% no desligamento.