O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025, iniciado neste domingo (9), trouxe para o foco um dos principais desafios do país nas próximas décadas: o envelhecimento da população. A proposta de redação, intitulada “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, colocou em debate a longevidade e seus impactos sobre o mundo do trabalho, a seguridade social e as políticas públicas.

“Foi muito positivo ver esse tema no Enem. Ele traz uma reflexão importante para a juventude, que também será idosa um dia”, avaliou  o secretário das pessoas aposentadas, pensionistas e Idosas, Ari Aloraldo Nascimento, ao comentar a escolha feita do conteúdo.

O idoso em números

Além do tema, outro dado chamou atenção: o número de participantes com 60 anos ou mais cresceu 191% em relação a 2022, alcançando mais de 17 mil inscritos. Rio de Janeiro (3.087), São Paulo (2.367) e Minas Gerais (1.997) foram os estados com maior participação da terceira idade.

Para Aloraldo, o aumento reflete tanto o desejo de inclusão quanto a necessidade de requalificação diante de um mercado de trabalho excludente. “O envelhecimento não pode ser tratado como problema, mas como oportunidade para revermos o papel do Estado na garantia de direitos ao longo da vida”, afirmou.

Segundo projeções do IBGE, o Brasil terá mais idosos do que crianças até 2030. A população com 60 anos ou mais deve ultrapassar os 40 milhões, o que representará 18% do total. Em 2000, essa fatia era de somente 9%. A mudança é impulsionada pela queda na taxa de fecundidade e pelo aumento da expectativa de vida, estimada em 77 anos para 2025.

Para o secretário da CUT, o tema da redação é um chamado à ação. “O envelhecimento da população exige políticas públicas robustas, com valorização da Previdência Social, combate ao etarismo e ampliação do acesso à educação e à saúde para todas as idades”, disse.
Ele acrescentou que “muitos idosos continuam trabalhando por necessidade, em empregos precários e sem proteção. Precisamos de uma reforma solidária da Previdência e de políticas de inclusão produtiva para essa faixa etária.

Enem e outros programas de educação

O Enem, que se consolidou como principal porta de entrada para o ensino superior no país, também simboliza um espaço de democratização. Programas como Sisu, Prouni e Fies ampliam o acesso à universidade, inclusive para quem retorna aos estudos após décadas fora da sala de aula.

A segunda etapa do exame será realizada no próximo domingo (16). Até lá, milhões de estudantes — jovens e idosos — seguem refletindo sobre o futuro de um país que envelhece, mas que continua em busca de igualdade e justiça social.