Segunda, 10 Novembro 2025 16:39

VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra aprova estratégias contra o racismo

O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro encerrou-se na última sexta-feira (7), em Fortaleza, com a aprovação de uma agenda estratégica para fortalecer o combate ao racismo e ampliar a inclusão da população negra no setor financeiro. O evento foi realizado na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará e reuniu cerca de 120 participantes de sindicatos e federações de trabalhadores do ramo financeiro de todo o país e marcou simbolicamente o início do Mês da Consciência Negra, momento em que o movimento sindical reforça a defesa da memória de Zumbi dos Palmares e o compromisso com a igualdade racial.
O Fórum aprofundou a análise sobre desigualdade racial, políticas afirmativas, condições de trabalho, violência estrutural e desafios contemporâneos como o avanço da inteligência artificial no sistema financeiro. As discussões culminaram na aprovação da Carta de Fortaleza, documento que reúne propostas e ações concretas para os próximos meses.

Racismo estrutural

Os debates confirmaram que a realidade da população negra no mercado de trabalho, e especificamente no sistema financeiro, é marcada por graves desigualdades. Dados apresentados por pesquisadores mostraram que mulheres negras continuam a receber, em média, 53% a menos que outros trabalhadores, enquanto a violência segue atingindo de forma desproporcional a juventude negra, responsável por 79% das vítimas de homicídios registrados em 2024.
“O Fórum mostrou, com precisão, que a luta contra o racismo precisa ser permanente e estruturada. Debatemos dados duros, ouvimos especialistas e, principalmente, construímos caminhos para avançar. A Carta de Fortaleza é um instrumento poderoso, porque traduz indignação em ação, análise em compromisso”, afirmou o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar. Os participantes reforçaram ainda que o setor financeiro precisa romper com sua histórica desigualdade interna. “Sabemos que a presença negra ainda está concentrada nas bases dos bancos, e isso não é aceitável. A partir deste Fórum, reforçamos a exigência de políticas reais de inclusão, formação e ascensão profissional. É desta maneira que precisamos transformar o sistema financeiro e contribuirmos para transformar a sociedade”, concluiu.

Mesas temáticas

As mesas temáticas abordaram desde a construção histórica do racismo no Brasil até desafios atuais, como o impacto da tecnologia e práticas de gestão que reproduzem desigualdades. Pesquisadores como Arilson dos Santos Gomes e Rodrigo Monteiro trouxeram análises sobre resistência negra, relações de trabalho e mitos sobre contratação de pessoas negras no setor bancário.
Expositores também destacaram a urgência de políticas de ações afirmativas e a necessidade de vigilância constante para impedir retrocessos, reforçando que avanços obtidos nas últimas décadas são fruto de forte mobilização social e que dependem da participação ativa do movimento sindical.
No mês que marca a memória de Zumbi dos Palmares e o Dia da Consciência Negra, o movimento sindical bancário reforça que a justiça racial é tarefa permanente, tanto dentro dos bancos, quanto dentro das entidades e em toda a sociedade.
“Saímos daqui com uma agenda concreta em mãos. Concluímos as atividades aqui no Ceará fortalecidos, organizados e comprometidos com a construção de um sistema financeiro mais diverso, justo e verdadeiramente antirracista”, completou Almir.

Megaoperação em debate

No mais recente episódio do ContrafCast, o podcast oficial da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) o secretário de Combate ao Racismo da Confederação da categoria bancária, Almir Aguiar, debateu o racismo estrutural, violência policial e juventude negra.
Confira o debate, clicando no link ao lado: https://www.youtube.com/watch?v=u9K9GTqm9Wg&t=5s

Encaminhamentos do Forum

• Promoção de formação permanente sobre relações raciais;
• Criação de protocolos antirracistas e canais de denúncia;
• Realização de fóruns e atividades nas datas históricas da luta negra;
• Qualificação profissional com foco na juventude negra;
• Ampliar a participação de dirigentes negros;
• Ações de promoção da saúde da população negra;
• Realização periódica de reuniões de mobilização e organização.

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